li
035: secreto segredo
li
o que fazer quando morar sozinha
Estou morando sozinha em Porto Alegre faz 3 semanas. Ana, minha prima que divide apartamento comigo, terminou a faculdade e ainda não conseguiu nenhum emprego. Voltou a morar com a mãe e o padrasto enquanto estuda pra tentar o mestrado ou até achar um emprego na area de ciências sociais. Acredito que vou morar sozinha por mais no mínimo uns 2 meses. Pensei que seria solitário e melancolico mas esta sendo ótimo. Eu posso fazer tudo e também fazer nada e ninguém vai me encher. Estou aproveitando esses dias 100% e não gosto de lembrar que um dia Ana vai voltar.
coisas que faço morando sozinha:
lovemeter
⭐ Coração
⭐ Loved Up!
⭐ Love test deluxe
⭐ Sky
poesias que não são minhas
Acompanho umas indicações de livros e poesias do Beavis and Bookhead e é sempre uma graça. O momento para para que eu leia com toda a calma até o último verso. Recentemente também descobri a zine digital Felisberta, que reune autores ainda vivos e escrevendo, em edições sazonais. Recomendo fortemente a leitura da última edição, de inverno, que trás poemas do Diego Elias, responsável pela Beavis and Bookhead. Salvei alguns poemas que conheci através desses dois lugares:
adília lopes entra
1.
adília lopes
liga pro cabeleireiro
da simone weil2.
adília lopes
dança noise depois
fode3.
adília lopes
na void
dizendo quero lá saber
que sejam inteligentes artistas sexy sei lá o quê4.
adília lopes
sai do mar maiô e sal
cintilando5.
adília lopes
por enquanto
diverte-seAna Luiza Rigueto
Essa me lembra muito a letra da música Fátima Bernandes Experiência do Skylab. Mas também me faz pensar na faculdade e nas pessoas, em mim, e em quem é Adília Lopes? Um diário de acontecimentos do vídeo-filme.
finesse & fissura
melindre da língua
fetiche do meu verso que aflora
minha finesse que finda
minha delicatesse que míngua
minha fissura que imploraLedusha
O último poema
Assim eu quereria o meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamnates mais límpidos
A paixão dos suiccidas que se matam sem explicaçãoManuel Bandeira
entrono banhopara evitarminhas lágrimasafinal chorar no chuveiro é chover no molhadooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooGiovana Bezerra
socorro
socorro fiona apple
tem um quarto sobrando aí
levei um pé na bunda homérico
e achei que você entenderia a situação
pedi demissão e com a grana
do seguro desemprego
comprei passagens pra cá
trouxe livros de poesia brasileira
posso traduzir pra ti
ana martins marques é a melhor
vem vou começar
the book of resemblancesPedro Cassel
Além de tudo queria registrar aqui:
⭐ a importância das notas pela zine NOTAS 2 de Livia Deboni
⭐ muitos poemas e pensamentos interessantes de Piovepato
⭐ poesia colagem em Bricando com a boniteza da língua portuguesa pt.3 de Luiza Heuko (indico todas as partes!)
⭐ o inferninho de Brida Abajur
⭐ o desenho no ínicio, onde esbocei um mini poema que fiz para a Xis em umas cartas que trocamos.
autoentrevista e a entrevista da sylvia plath
Por que você está fazendo esta entrevista?Porque a entrevista é [...] um canteiro virgem de conteúdo fértil.Por que você está fazendo esta entrevista?Para que eu possa descobrir o que deixou de ser secreto.Por que você está fazendo esta entrevista?Para me proteger.De quê?Da imaginação das pessoas. [...]Por que você está fazendo esta entrevista?É uma forma de liberar culpa.Por que você está fazendo esta entrevista?Quero cristalizar a situação cotidiana de falar comigo mesmo.Por que você está fazendo esta entrevista?Por que você está fazendo esta entrevista?Para formalizar e isolar a mim mesmo.Por que você está fazendo esta entrevista?Para entrar na consciência dos outros.
— Trecho de Another autointerview, de Lucas Samaras
(tradução de Sonia Salgado Labouriau)
Qual a última coisa que você fez?Perguntei a minha mãe onde é o Casaquistão.Qual a última coisa que pintou?Não lembro. Penso nas duas figuras vermelhas mascaradas.Eu quero pintar mas não consigo.O que além da pintura é arte?Tudo que se propõe a ser.O que não é arte?Todas as outras coisas.Qual a primeira obra de arte que você se lembra de reconhecer como arte?Abaporu.Qual a primeira obra de arte que você viu ao vivo?Uma gravura em metal, de mulheres nuas dançando em ciranda de alguma artista modernista brasileira. Não lembro dos nomes. Foi ano passado.Qual a primeira obra de arte que você sentiu?Desenho imenso em caneta ou lápis, não me recordo. Era um zoom numa barriga sendo apertada muito forte pelas duas mãos. Foi na noite dos museus, numa exposição sobre o feminino. Não me recordo mais que isso.Você se esquece com frequência?Sim. Eu me lembrava de tudo até os 16, depois não consegui mais guardar nada e o que tinha guardado se misturou e perdeu-se.Tem medo de que todas as suas memórias sumam?Sim, é meu maior medo.Qual o seu menor medo?Morrer.
ensaio sobre minha produção artística
034: chove chuva chove sem parar
Estou quase de férias. Ainda sobre a aula de laboratório de texto tenho esse ultimo trabalho: tecido de citações. Com base no texto O que é um autor, de Roland Barthes, e da declaração de Sherrie Levine sobre sua produção em 1982, preciso criar um texto-colagem, com base em textos de outros autores, sobre meu trabalho, pesquisa ou atuação. Estou animada mas não sei para onde quero ir e nem de onde partir. Estou em casa, não em Porto Alegre, e chove desde que cheguei. Anotei esses trechos que grifei quando li Morangos Mofados:
"Cada coisa era cada coisa e inteira, na união de todas as suas infinitas partes. Mas e as sombras e os reflexos, esses que não se integravam em forma alguma, onde ficavam guardados? Para onde ia a parte das coisas que não cabia na própria coisa? Para o fundo do meu olho, esperando o ofuscamento para vir à tona outra vez? Ou entre as próprias coisas-coisas, no espaço vazio entre o fim de uma parte e o começo de outra pequena parte da coisa inteira? Como um por trás do real, feito espírito de sombra ou luz, claro-escuro escondido no mais de-dentro de um tronco de árvore ou no espaço entre um tijolo e outro ou no meio de dois fiapos de nuvem, onde?"
"Proibido sentimentos, passear sentimentos, passear sentimentos desesperados de cabeça para baixo, proibido emoções cálidas, angústias fúteis, fantasias mórbidas e memórias inúteis, um nirvana da bayer e se é bayer."
Talvez objetivos talvez coisas:"Tão geladas as pernas e os braços e a cara que pensei em abrir a garrafa para beber um gole, mas não queria chegar na casa dele meio bêbado, hálito fedendo, não queria que ele pensasse que eu andava bebendo, e eu andava, todo dia um bom pretexto, e fui pensando também que ele ia pensar que eu andava sem dinheiro, chegando a pé naquela chuva toda, e eu andava, estômago dolorido de fome, e eu não queria que ele pensasse que eu andava insone, e eu andava, roxas olheiras, teria que ter cuidado com o lábio inferior ao sorrir, se sorrisse, e quase certamente sim, quando o encontrasse, para que não visse o dente quebrado e pensasse que eu andava relaxando, sem ir ao dentista, e eu andava, e tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo, por dentro da chuva, que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era."
como escrever (mentira!)
Preciso escrever uma carta para um artista ou alguém importante para a minha relação com a arte, transformar um texto sobre arte em entrevista fictícia, fazer uma autoentrevista sobre minha relação com a arte, responder uma entrevista feita por um artista, crítitico, historiador ou professor a partir das minhas próprias experiências e ideias.
Já fiz uma lista com tudo que fiz no dia, uma instrução sobre dar sustos, uma carta contando sobre meu memorial descritivo do mini documentário, uma deriva, um mapa mental com ligações entre todas as pessoas que já beijei.
prece
033: porto alegre me faz tãooooo
Em junho faz 1 ano que estou meio lá meio acolá. Agora é férias, os semestres estão em caos ainda. As vezes ter duas casas é cansativo e desgastante e as vezes é perfeito. Estou em Osório já vão fazer uns 5 dias, quase nunca saio de casa e todos os dias são confortaveis. Solitários também. Queria ser mais mas acabo sendo constantemente a mesma. Ontem comecei a ler um livro. Hoje assisti dois curtas que estão disponíveis graças ao Fantaspoa: Phonorama e The Smile, os dois são muito bons!
Me passaram uma tarefa na gráfica, onde faço bolsa, ilustrar e fazer o projeto gráfico de um livro de poemas, inicialmente fiquei muito feliz mas depois de ler os poemas me desgostei e agora estou pensando muito. Pensando se vou ser obrigada a fazer algo que não goste do resultado mas seja conveniente ou se vou conseguir espremer o máximo das minhas habilidades racionais e irracionais para tirar o melhor e fazer algo bacana, dentro do possível.
Recomendação de leitura: Revista Fracasso
É uma paródia de revistas teen com mundo da arte e borburinhos da cena artística portoalegrense. Tem testes, humor, sarcamo, ideias muito certas e coisas que eu não queria que fossem verdades.
Uma série de coisas que distoam a capital da minha cidade natal:
- O sotaque cantado e essas gírias e palavras: castigo do monstro, és e esse jeito de conjugar que acho nada a ver, o pinta, estrelinha...
- Esse estilo The Sims Vida Na Cidade meio hippie desconstruído estampas diversas, calças largas, elefantes, budismo, tirar o sapato pra entrar em casa, comida vegana...
- Bairrismo
- Festa techno
- Famosos e subcelebridades
- Andar de bike de uma forma diferente do andar de bike que eu conhecia
- Lancheria do parque: comida mais barata
- Mercado público: já senti cheiros piores, são muito mais prós que contras
- Muitas cenas culturais, muitos eventos, muita gente fazendo acontecer
PS: lidar é muito complicado e acho que fomos rápidos demais
o último
Livro: Meu casaco verde, Adyles Ros De Souza
Filme: A Lasanha Assassina: O ataque das massas (2023) - assisti no Fantaspoa
Série: You (2ª temporada)
Peça de teatro: apresentações de final de semestre do pessoal do 4º semestre da cadeira de atuação do DAD (departamento de artes drámaticas da faculdade), a do amor com a música Oração da Banda mais bonita da cidade (a que um dos atores olha a plateia a procura da mãe, encontra e diz "mãe eu te amo", a da praga que era de comédia e de reis e rainhas e de amor, onde dois atores passam a pandemia na Qorpo Santo.
Exposição: Aquela coisa que pulsa e ViaRua, Museu da UFRGS
Música: Teu Inglês, Fellini
Show: Cardamomo e Psicho Delícia no Ocidente
Vídeo do Youtube: OSGÊMEOS - Revista Bravo
Viagem: com o carro novo velho do meu pai de Porto Alegre para Osório
Refeição: tentativa de sunomomo, carne, arroz, brocólis e laranja (jantar com minha mãe)
Bebida: água gelada
Mensagem enviada: "fiz jantar com comidas de vdd com minha mãe!"
Compra: elásticos de cabelo
Talvez essa tag tenha sido criada pela Isa do Isamateur, eu acredito que tenha sida na verdade. Obrigada Isa, bela tag! Tomei a liberdade e adicionei mais algumas propostas como: peça de teatro, show, exposição, mensagem, compra e fotografia. Se quiser fazer, por favor deixa aqui para eu ver depois e se tiver novas propostas atualizar aqui.☺
segredos por trás da zine agosto é um mês diabólico
Os tiros e os desejos
Cores pulsantes, lisergia e cinema novo, fresco
Depois de tudo
trago seu amor em 7 dias
a natureza instável da vida

032: febre
Dia 8 doente. Cefaleia parece nome de flor. Quinta-feira passada acordei com febre e dor de garganta e desde então tenho tido febre, que é a pior parte, porque tudo é dolorido e cansativo e todas as vontades vão embora. Fui no médico duas vezes, não é nada grave só não intendendo porque demora tantoooo pra passar. Na segunda vez tomei duas injeções, e não lembro qual a última vez que tomei uma injeção. Em alguns momentos me sinto um pouco melhor, como agora, e ai faço alguma coisa qualquer pra parar de assistir coisas.
Tem algo em ficar doente que é meio confortável. Sentir frio quando esta quente e poder aproveitar o aconchego e se tiver sorte alguém para cuidar de ti. Mas já estou cheia de não poder sair de casa, de não ir as aulas da faculdade, de não ver ninguém que não more na minha casa e (antecipadamente) de perder o que seria o meu primeiro carnaval.
Fiz todos esses desenhos agora antes de começar a escrever, no Paint. Desde que vim pra casa não tinha desenhado nada. Ontem fui arrumar o notebook com umas peças novas que chegaram e de uma forma muito burra escolhi formatar ele e agora estou sem nenhum dos meus programas Adobe Pirata, e achar bons programas desses está cada vez mais difícil!
Alguns filmes que assisti desde que fiquei doente:
go gol
plapla no teclado
almoça comigo quinta-feira
goldmine
fala assim
amaro
wild honey
put your head on my shoulder
andar de ônibus
de carro
a pé
luzes se apagam
onde está dona Celi?
a união do vegetal
as perguntas que começam com
vou te fazer uma pergunta pessoal
e
qual a tua opinião sobre
deitar no parque
olhar o céu
abismo da vida
o mundo como bagagem
a gravidade
sorri
sorriso
bobo
não para de confessar
que me viu aquele dia
primeiro dia
na fila
ontem
me diga
3 músicas minhas
canta pra mim
com tua voz de veludo
me lembra
me liga
como peixinhos a nadar no mar
031: por isso eu não
As vezes tem infestação de barata aqui. Uma noite eu vi 5. Matar elas me deixa nervosa porque não gosto de ficar perto o suficiente para que elas tenham a oportunidade de subir em mim. Não sei porque tenho tanto medo-nojo de baratas, na verdade nunca vivemos nada horripilante juntas. Mas tenho uma péssima memória com bichos-cabeludos, quando uma vez um caiu nas minhas pernas dentro do carro durante um passeio.