035: secreto segredo




março

namoro nº 2 ainda não sei se acredito em ti ou não
dor
exilio porque quis e estar cheia de vontades e inspirações e imersa no dreampop shoegaze grunge björk cocteau twins hole the cardigans
duvído
humana ou insana
sem água sem luz
jogada aos tubatubatutubarões
porque demora taaaaaaanto?
sopa de letrinhas
não eu não quero crescer e ter responsabilidades e saber como as coisas que não sei fazer são feitas
ela quer que
inocência
indecência
como o jeito-moda-palavras fazem ser kids4ever
estão vendo o brilho?

julho

a coragem de saber se XXX já pensou em mim nas hothothotnites
todas as músicas dos beatles cantadas pela love
semana que vem vou roubar um livro da biblioteca
por favor ideias venham venham!! pousem em minha cabecinha imbecil inútil babaca
guél
simultaneamente lendo e vendo
as mais feiosas e pavorosas cores em tempera

setembro

droga de cidade, inferno de lugar
li
riscaralhar todo esse prédio
azeda
super saudades de pular, gritar, cantar, suar, sair na rua gelada pra pegar um ar e fazer tudo de novo e também de tomar uma aguinha gelada cortesia
byebye rocknroll


outubro

byebye honepie
byebye brasil
escrever uma carta com as respostas das conversas ao vivo
gritar sozinha
macabéa
alergia a maquiagem
nua
*muak* 

novembro

será que eles ja choraram por mim?
o que será que será
não estou procurando nada e ainda assim não consigo não pensar se fosse assim como não estou pensando
eu abro e tu fecha
perdi o ao vivo: tom zé suplicando o próprio nome e lendo as letras no genius
eu tenho medo que eles escutem meus pensamentos sórdidos escarlate
perfeito para ver aos treze as escondidas pensando pensando até virar a noite de insônia e almoçar mal
pensar antes de falar
não falar e não pensar e
sopro e pó
quem provou gostou!
eu nunca jamais faria algo por isso além de rezar de joelhos no pé da cama 
oh por favor senhor meu deus por favor
anestesia de choque
no momento meus interesses são: *****,***,*******
cio
mato e morro e grito dentro da guela e engulo sapo e rasgo o saco de pão

o que fazer quando morar sozinha

filme: A Hora da Estrela (1985)

Estou morando sozinha em Porto Alegre faz 3 semanas. Ana, minha prima que divide apartamento comigo, se formou e ainda não conseguiu nenhum trabalho. Voltou a morar com a mãe e o padrasto enquanto estuda pra tentar continuas a pesquisa ou até achar um emprego. Acredito que vou morar sozinha por mais no mínimo uns 2 meses. Pensei que seria solitário e melancólico mas esta sendo ótimo. Eu posso fazer tudo e também fazer nada e ninguém vai me encher. Estou aproveitando esses dias 100% e não gosto de lembrar que um dia Ana vai voltar.

coisas que faço morando sozinha:

⭐ Cafés da tarde (que seguem até a noite) com amigos, principalmente as segundas
⭐ Gritar, como um AAAAAAAAAAAH! quando tenho vontade
⭐ Compras responsáveis e sem stress 
⭐ Acender velas
⭐ Andar nua
⭐ Deixar todas as portas abertas e janelas
⭐ Tomar banho de banheira
⭐ Ouvir música a qualquer hora a qualquer altura
⭐ Desfiles de roupas
⭐ Fotos experimentais com timer 
⭐ Baguncinhas e arrumações

Também estou planejando uma festa do pijama com minhas amigas, um dia pra fazer cola para lambe e um super café. Comecei a correr com meu tio. Já fomos duas vezes. No Bar em Bar, combinei com  Gabobinho que daqui um ano iriamos apostar uma corrida em volta do Açorianos. Acho que ele vai ganhar, mas também ia ser ótimo se eu ganhasse. Ele é mais alto que eu e com certeza consegue correr mais... Espero que eu ganhe na real.

Assisti A Hora da Estrela (1985) domingo e adorei. Acho que li umas 3 páginas do livro a tempos atrás, nem sabia direito sobre o que era. Agora quero ler pra valer. O semestre inteiro passado eu andava meio Macabéa, ainda me sinto assim mas acho que de uma forma melhor. As coisas estão melhores. Fiquei com alergia da maquiagem de dia das bruxas.

lovemeter

eu queria. eu queria. eu queria que estivessemos numa sala escura, sobre o brilho do monitor do computador em um site coreano que mede o quanto por cento somos almas gêmeas só por nossos nomes. eu digito o teu. tu digita o meu. quase idênticos na gráfica. click. a barra sobe toda depois desce. 35% não é o suficiente pra vida, então deixamos o romance de lado. é assim que queria que terminassemos. nunca devia ter dito sim, desculpa por que sim.


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poesias que não são minhas

Essa insegurança de escrever e não ler e de escrever e não mostrar e de escrever e sair correndo. Eu, eu, eu. Mês passado li O Apanhador no Campo de Centeio, e é esse tipo de coisa que gosto de ler. Será que vou gostar de histórias da juventude, melancolia, segredos, aventuras, descobertas, crescer... pra sempre? Agora estou lendo Nove Histórias, do mesmo autor. É uma coisa diferente mas mesmo assim ele sabe muito bem como escrever pra mim. Em Nove Histórias preciso investigar toda a história para compreender o que se passou ali, e isso me prende. Depois de cada conto fico um tempo matutando e depois vou ler uma análise, teve um que li um artigo inteiro sobre. A verdade é que fazia tempo que não lia ficção literária, a universidade só trás coisas ou muito científicas ou muito conceituais e eu não sei como aguentaria essas 3 semanas de férias sozinhas sem todas essas histórias. 

Tive uma idéia para uma zine ou sei lá onde escrevo tudo pelo celular, lá as coisas tem sempre mais chance de sairem erradas porque as letras são pequenas e os dedos são do tamanho que os dedos devem ser, essas duas coisas não estão em equilibrio como os teclados de verdade. Não reviso, não reescrevo, não corrijo e junto tudo em uma coisa com imagens e depois de tudo pronto esta pronto. A proposta seria ver o que podemos ler dali, mesmo com coisas com letras trocadas e ou com palaras quase indecifravéis. Ver o português instrumental em prática. Os acontecimentos que inspiraram isso foram a troca de mensagens entre mim e minha prima, ela nunca se esforça para corrigir qualquer mensagem que envia pra mim e se eu não a conhecesse talvez nem saberia o que esta escrito, as coisas são naturalemente criptografadas. Com a minha mãe e parecido, mas mutuo, e não tão secreto. Depois ainda veio esse texto da Esteph onde ela é tão real que não muda nada e as letras embaralhas deixa tudo ainda mais próximo de nós, do que ela esta vivendo. 

Acompanho umas indicações de livros e poesias do Beavis and Bookhead e é sempre uma graça. O momento para para que eu leia com toda a calma até o último verso. Recentemente também descobri a zine digital Felisberta, que reune autores ainda vivos e escrevendo, em edições sazonais. Recomendo fortemente a leitura da última edição, de inverno, que trás poemas do Diego Elias, responsável pela Beavis and Bookhead. Salvei alguns poemas que conheci através desses dois lugares:

adília lopes entra

1.
adília lopes
liga pro cabeleireiro
da simone weil

2.
adília lopes
dança noise depois
fode

3.
adília lopes
na void
dizendo quero lá saber
que sejam inteligentes artistas sexy sei lá o quê

4.
adília lopes
sai do mar maiô e sal
cintilando

5.
adília lopes
por enquanto
diverte-se

Ana Luiza Rigueto 

Essa me lembra muito a letra da música Fátima Bernandes Experiência do Skylab. Mas também me faz pensar na faculdade e nas pessoas, em mim, e em quem é Adília Lopes? Um diário de acontecimentos do vídeo-filme. 

finesse & fissura

melindre da língua
fetiche do meu verso que aflora
minha finesse que finda
minha delicatesse que míngua
minha fissura que implora

Ledusha

 

O último poema

Assim eu quereria o meu último poema

Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamnates mais límpidos
A paixão dos suiccidas que se matam sem explicação

Manuel Bandeira

 

e
ntro
no banho
para evitar
minhas lágrimas
afinal chorar no chu
veiro é chover no molhado
oooooooooooooooooooooo
ooooooooooooooooooo
oooooooooooooo

Giovana Bezerra

socorro

socorro fiona apple
tem um quarto sobrando aí
levei um pé na bunda homérico
e achei que você entenderia a situação
pedi demissão e com a grana
do seguro desemprego
comprei passagens pra cá
trouxe livros de poesia brasileira
posso traduzir pra ti
ana martins marques é a melhor
vem vou começar
the book of resemblances

Pedro Cassel

 

Além de tudo queria registrar aqui:

⭐ a importância das notas pela zine NOTAS 2 de Livia Deboni
⭐ muitos poemas e pensamentos interessantes de Piovepato
⭐ poesia colagem em Bricando com a boniteza da língua portuguesa pt.3 de Luiza Heuko (indico todas as partes!)
⭐ o inferninho de Brida Abajur
⭐ o desenho no ínicio, onde esbocei um mini poema que fiz para a Xis em umas cartas que trocamos. 

autoentrevista e a entrevista da sylvia plath


"Tomando como base a autoentrevista do artista Lucas Samaras, realize uma autoentrevista abordando sua relação com a arte". Esse era uma das propostas de exercício da aula de laboratório de texto (desculpa pela repetição mas, essa foi minha aula mais favorita de todas desde o inicio do curso). Outra proposta era: "Escolha uma entrevista realizada por um artista, professor, historiador da arte, crítico etc e responda as questões a partir de suas próprias experiências e ideias"
Por que você está fazendo esta entrevista? 
Porque a entrevista é [...] um canteiro virgem de conteúdo fértil. 
Por que você está fazendo esta entrevista? 
Para que eu possa descobrir o que deixou de ser secreto. 
Por que você está fazendo esta entrevista? 
Para me proteger. 
De quê? 
Da imaginação das pessoas. [...] 
Por que você está fazendo esta entrevista? 
É uma forma de liberar culpa. 
Por que você está fazendo esta entrevista? 
Quero cristalizar a situação cotidiana de falar comigo mesmo. 
Por que você está fazendo esta entrevista? 
Para relaxar minha mente das obsessões do dia a dia. 
Por que você está fazendo esta entrevista? 
Para formalizar e isolar a mim mesmo. 
Por que você está fazendo esta entrevista? 
Para entrar na consciência dos outros.
— Trecho de Another autointerview, de Lucas Samaras
(tradução de Sonia Salgado Labouriau)

Partindo disso e mais, ocorreu a seguinte autoentrevista:
Qual a última coisa que você fez?
Perguntei a minha mãe onde é o Casaquistão.
Qual a última coisa que pintou?
Não lembro. Penso nas duas figuras vermelhas mascaradas.
Eu quero pintar mas não consigo.
O que além da pintura é arte?
Tudo que se propõe a ser.
O que não é arte?
Todas as outras coisas.
Qual a primeira obra de arte que você se lembra de reconhecer como arte?
Abaporu.
Qual a primeira obra de arte que você viu ao vivo?
Uma gravura em metal, de mulheres nuas dançando em ciranda de alguma artista modernista brasileira. Não lembro dos nomes. Foi ano passado.
Qual a primeira obra de arte que você sentiu?
Desenho imenso em caneta ou lápis, não me recordo. Era um zoom numa barriga sendo apertada muito forte pelas duas mãos. Foi na noite dos museus, numa exposição sobre o feminino. Não me recordo mais que isso.
Você se esquece com frequência?
Sim. Eu me lembrava de tudo até os 16, depois não consegui mais guardar nada e o que tinha guardado se misturou e perdeu-se.
Tem medo de que todas as suas memórias sumam?
Sim, é meu maior medo.
Qual o seu menor medo?
Morrer.
Que continuou como entrevista, onde eu era a entrevistadora e meus colegas os entrevistados. Os resultados foram ótimos e vou disponibilizar o trabalho todo aqui. Todas foram feitas por texto. Na procura de uma entrevista feita a um artista encontrei a gravação de uma entrevista de 1962 da Sylvia Plath, alterei algumas perguntas para que as respostas fossem além da literatura.

O que fez você começar a produzir arte?
Algo nas cores e formas talvez, eu era criança e gostava de desenhar, falar sozinha e ter coisas que eram minhas, que eu tinha feito.

Que tipo de coisa você fazia quando começou a produzir arte?
Desenhava muitas borboletas, tocas de coelho e meninas. Também teve uma pintura do mar que fiz, quando tinha uns 5 anos, pelo que lembro foi a primeira melhor pintura da minha vida. Foi mágico misturar as cores da têmpera e quando terminei nem acreditava que eu mesma tinha feito. Quando tinha uns 8 comecei a escrever poemas, eu adorava a Cecília Meireles.

Seus trabalhos tendem a surgir de livros, e não da sua própria vida?
É um caos. Eu gostaria de me compreender ou ser interessante e destemida o suficiente para as coisas partirem totalmente de mim, mas tudo sempre precisa de uma inspiração, algo que me faça ver o que anda acontecendo com outros olhos e a partir disso gerar uma ideia e por fim um trabalho. Às vezes também é inconsciente, só começo a fazer algo e depois observo com clareza de onde vieram as vontades. Nem sempre é um livro, às vezes é um filme, uma pessoa, um artista, uma foto, um desenho, um pensamento…

Deixando o que você já fez de lado, há outras coisas que você gostaria de fazer ou que tem feito?
Sim. Eu queria saber tocar um instrumento e cantar e ter uma banda. Eu queria dirigir um filme, esse eu realmente pretendo fazer um dia.

Você costuma estar na companhia de outros artistas?
Sim. Antes da faculdade eu já tinha alguns amigos artistas, músicos… mas grande parte não era, eu achava que esse era o motivo de me sentir tão sozinha. Hoje eu me sinto sozinha de uma maneira diferente.

Então, basicamente, produzir arte é algo que tem sido uma grande satisfação na sua vida, é isso?
Absolutamente. Eu não me imagino fazendo outra coisa! Tem momentos que não aproveito direito as oportunidades mas é que todas as coisas são tão rápidas e eletrizantes que me atordoam. Toda vez que eu faço, experiencio ou me sensibilizo com algo que alguém produziu eu tenho mais certeza que é isto que quero para sempre.


Enfim, com tudo isso, convido a todos a responderem alguma dessas entrevistas (nos comentários ou onde quiser) e também a criar uma entrevista de qualquer tipo e compartilhar comigo!

ensaio sobre minha produção artística

Eu gostava de assistir às pessoas vivendo situações extremas¹. Cada coisa era cada coisa e inteira, na união de todas as suas infinitas partes. Mas e as sombras e os reflexos, esses que não se integravam em forma alguma, onde ficavam guardados? Para onde ia a parte das coisas que não cabia na própria coisa? Para o fundo do meu olho, esperando o ofuscamento para vir à tona outra vez? Ou entre as próprias coisas, no espaço vazio entre o fim de uma parte e o começo de outra pequena parte da coisa inteira? Como um por trás do real, feito espírito de sombra ou luz, claro-escuro escondido no mais de-dentro de um tronco de árvore ou no espaço entre um tijolo e outro ou no meio de dois fiapos de nuvem, onde?² Parecia um sonho, desde que eu não tentasse acordar³. Me liberto da necessidade de achar que preciso entender tudo, me organizo e me permito sentir, acreditando no futuro⁴.

Eu tenho uma ideia. Eu não tenho a menor ideia. Autobiografia. Não, biografia. Bikini Kill versus Drácula. Drácula versus Bikini Kill. Muito sentimental. Agora pouco sentimental⁵.

Não é proibido sentimentos, passear sentimentos, passear sentimentos desesperados de cabeça para baixo, não é proibido emoções cálidas, angústias fúteis, fantasias mórbidas e memórias inúteis, um nirvana da bayer e se é bayer (discordo)⁶. Louca, total e completamente louca, a menina muito contente bota a Coca-Cola na boca, num momento de puro amor. De puro amor⁷. Num dia assim, um dia assado, um dia assim, tinindo tinindo trincando⁸.

Tão geladas as pernas e os braços e a cara que pensei em abrir a garrafa para beber um gole, mas não queria que ele pensasse que eu andava assim, e eu andava, todo dia um bom pretexto, e fui pensando também que ele ia pensar que eu andava sem dinheiro, chegando a pé naquela chuva toda, e eu andava, estômago dolorido de fome, e eu não queria que ele pensasse que eu andava insone, e eu andava, roxas olheiras, teria que ter cuidado com o lábio inferior ao sorrir, se sorrisse, e quase certamente sim, quando o encontrasse, para que não visse o dente quebrado e pensasse que eu andava relaxando, sem ir ao dentista, e eu andava, e tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo, por dentro da chuva, que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era⁹. O silêncio me deprimia. Não era o silêncio do silêncio. Era o meu próprio silêncio¹⁰.


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1 A redoma de vidro, Sylvia Plath - pag. 17
2 Morangos mofados, Caio Fernando de Abreu - pag. 66
3 Filme: Pearl (2022) 34min24s
4 Mantra de gêmeos, disponível em: Capricho
5 A teus pés, Ana Cristina Cesar - pag. 9 (editado)
6 Morangos mofados, Caio Fernando de Abreu - pag. 119
7 Música: Jóia, Joyce
8 Música: Tinindo Trincando, Novos Baianos
9 Morangos mofados, Caio Fernando de Abreu - pag. 28 (modificado)
10 A redoma de vidro, Sylvia Plath - pag. 22


Esse é o texto final para o exercicio que falei anteriormente. É uma coisa muito divertidade de fazer e ler, gostaria de ter visto o dos meus colegas. Entreguei terça e agora já estou de férias. Vou fazer mais! 

Não tenho certeza absoluta se isso fala sobre minha produção, mas acho que sim. Acho que saberia justificar cada coisa. E fala sobre mim também, e as coisas que faço também então acho que é isso ai. 

034: chove chuva chove sem parar

@gabsgabisgabes

Estou quase de férias. Ainda sobre a aula de laboratório de texto tenho esse ultimo trabalho: tecido de citações. Com base no texto O que é um autor, de Roland Barthes, e da declaração de Sherrie Levine sobre sua produção em 1982, preciso criar um texto-colagem, com base em textos de outros autores, sobre meu trabalho, pesquisa ou atuação. Estou animada mas não sei para onde quero ir e nem de onde partir. Estou em casa, não em Porto Alegre, e chove desde que cheguei. Anotei esses trechos que grifei quando li Morangos Mofados:

"Cada coisa era cada coisa e inteira, na união de todas as suas infinitas partes. Mas e as sombras e os reflexos, esses que não se integravam em forma alguma, onde ficavam guardados? Para onde ia a parte das coisas que não cabia na própria coisa? Para o fundo do meu olho, esperando o ofuscamento para vir à tona outra vez? Ou entre as próprias coisas-coisas, no espaço vazio entre o fim de uma parte e o começo de outra pequena parte da coisa inteira? Como um por trás do real, feito espírito de sombra ou luz, claro-escuro escondido no mais de-dentro de um tronco de árvore ou no espaço entre um tijolo e outro ou no meio de dois fiapos de nuvem, onde?"
"Proibido sentimentos, passear sentimentos, passear sentimentos desesperados de cabeça para baixo, proibido emoções cálidas, angústias fúteis, fantasias mórbidas e memórias inúteis, um nirvana da bayer e se é bayer."
"Tão geladas as pernas e os braços e a cara que pensei em abrir a garrafa para beber um gole, mas não queria chegar na casa dele meio bêbado, hálito fedendo, não queria que ele pensasse que eu andava bebendo, e eu andava, todo dia um bom pretexto, e fui pensando também que ele ia pensar que eu andava sem dinheiro, chegando a pé naquela chuva toda, e eu andava, estômago dolorido de fome, e eu não queria que ele pensasse que eu andava insone, e eu andava, roxas olheiras, teria que ter cuidado com o lábio inferior ao sorrir, se sorrisse, e quase certamente sim, quando o encontrasse, para que não visse o dente quebrado e pensasse que eu andava relaxando, sem ir ao dentista, e eu andava, e tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo, por dentro da chuva, que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era."
Talvez objetivos talvez coisas:
⭐ Não ter medo e angústia em falar
⭐ Terminar 
⭐ Gritar
⭐ Correr
⭐ Escutar

Indicações:
⭐ Chorona, de Julia Caus Falce. Zine muito bonita, sensível e leitura obrigatória!!! Tem contribuições minhas :)
Eu destruirei vocês, de Isabela Thomé. Uma newsletter (que são os novos blogs) muito divertida e criativa, é impossível não sorrir enquanto lê.


Filmes que assisti essa semana:
The strange thing about the Johnsons (2011) nojento, estranho, não pretendo rever. 
⭐ The edge of seventeen (2016) já tentei assistir esse filme mais de duas vezes mas nunca lembro que já (quase) vi. Ele ta em todas as listas de filmes que gosto mas mesmo assim esse não me prendeu. 
⭐ Pearl (2022) esperava mais sangue e cenas chocante! É bonito e eu gostei, adoro slasher. 
La Chambre (1972) tenho um sonho intelectual bobo que é assistir a todos os filmes da Chantal Akerman, Agnès Varda e Vera Chytilová, mesmo que sofra. Nesse é documentado o quarto de Chantal em 360º. Achei que aconteceria algo aterrorizante. 
⭐ Efeito Borboleta (2004) não sei porque comecei a ver mas, não me arrependi. É mais pesado do que poderia imaginar e menos chato também, me lembrou o filme Questão de Tempo e IA (que detesto!). Ana, minha prima fã de dramas românticos, adorou.
⭐ Shiva Baby (2020) interessante, caótico, me senti numa festa de familia de verdade. Me fez pensar naqueles momentos quando estou em um evento e não sei o que fazer, falar com alguém? Sobre o que? Procurar algo? Como não parecer perdida? 
⭐ Talk to me (2023) assisti por acaso logo depois de ver Um homem com uma câmera, no cinema do shopping, sessão das 21h. Me passaram a sinopse quando já estavamos nas poltronas e a sala escura. É um filme de espirítios e demonios que realmente dá medo!!! O final é divertido, lembrou até um pouco de Morte Morte Morte e deixa as coisas leves para dormir dsofkdpsofkk Minha cena favorita é quando filmam o canto do quarto e sai uma coisa de lá, é um medo que me assombra.
⭐ Um homem com uma câmera (1929) assisti na Sala Redenção, é parte da Mostra Cinema de Vanguarda, um projeto da cadeira com o mesmo nome. No fim uns colegas explicaram um pouco e também falaram do knokismo, o cinema puro. É o cotiadiano sem intervenções da época. 
⭐ Street Trash (1987) sujo, imundo, terrível e eu tenho até vergonha de dizer que ri algumas vezes.

como escrever (mentira!)

@gabsgabisgabes
Esse semestre tenho aula de laboratório de texto. Tudo é veloz e voraz. Não consigo me aquietar,  aconchegar na paz do espirito e pensar nos estalinhos que explodem o tempo todo. É impossível andar na rua como andava antes, quando me mudei, e acredito que mais impossível ainda quando ainda nem imaginava acabar o ensino médio. As lombas são, o medo é, o tempo o tempo o tempo e as conversas que eu não dou a minima ou se fala por cima na maior ansiedade e não se diz nada. Broadcast - Tears In The Typing Pool (me trouxe pro agora), Broadcast - Tender Buttons (completo até o fim). Não consigo me concentrar nos meus pensamentos e isso me faz incrivelmensamente vazia, e por isso que em meses não tive uma ideia pra esse projeto, que tem que ser divertido e importante e significativo e o melhor do mundo. Anseio para acabar as tarefas (impossível) e numa melancolia doce e nostalgica ler um livro inteiro e viver cada letra da aventura que for, mas eu matei tudo que já fui. Não acredito em planejamento. Não acredito no mundo adulto. Não acredito em nada mais. Nem acredito que consegui me concentrar por quase um álbum todo para escrever. 

Preciso escrever uma carta para um artista ou alguém importante para a minha relação com a arte, transformar um texto sobre arte em entrevista fictícia, fazer uma autoentrevista sobre minha relação com a arte, responder uma entrevista feita por um artista, crítitico, historiador ou professor a partir das minhas próprias experiências e ideias. 

Já fiz uma lista com tudo que fiz no dia, uma instrução sobre dar sustos, uma carta contando sobre meu memorial descritivo do mini documentário, uma deriva, um mapa mental com ligações entre todas as pessoas que já beijei. 

prece


rezar para santo em que não se acredita
dançar música que se detesta
jurar amor eterno
trapacear
mentir
ludibriar
implorar
pagar
apelar 
rastejar

escrito no diário em algum dia de abril de 2023
assim ficou formato de taça sokdofkdp

033: porto alegre me faz tãooooo

Em junho faz 1 ano que estou meio lá meio acolá. Agora é férias, os semestres estão em caos ainda. As vezes ter duas casas é cansativo e desgastante e as vezes é perfeito. Estou em Osório já vão fazer uns 5 dias, quase nunca saio de casa e todos os dias são confortaveis. Solitários também. Queria ser mais mas acabo sendo constantemente a mesma. Ontem comecei a ler um livro. Hoje assisti dois curtas que estão disponíveis graças ao Fantaspoa: Phonorama e The Smile, os dois são muito bons! 

Me passaram uma tarefa na gráfica, onde faço bolsa, ilustrar e fazer o projeto gráfico de um livro de poemas, inicialmente fiquei muito feliz mas depois de ler os poemas me desgostei e agora estou pensando muito. Pensando se vou ser obrigada a fazer algo que não goste do resultado mas seja conveniente ou se vou conseguir espremer o máximo das minhas habilidades racionais e irracionais para tirar o melhor e fazer algo bacana, dentro do possível. 

Recomendação de leitura: Revista Fracasso
É uma paródia de revistas teen com mundo da arte e borburinhos da cena artística portoalegrense. Tem testes, humor, sarcamo, ideias muito certas e coisas que eu não queria que fossem verdades. 

Uma série de coisas que distoam a capital da minha cidade natal:

- O sotaque cantado e essas gírias e palavras: castigo do monstro, és e esse jeito de conjugar que acho nada a ver, o pinta, estrelinha...

- Esse estilo The Sims Vida Na Cidade meio hippie desconstruído estampas diversas, calças largas, elefantes, budismo, tirar o sapato pra entrar em casa, comida vegana...

- Bairrismo 

- Festa techno

- Famosos e subcelebridades

- Andar de bike de uma forma diferente do andar de bike que eu conhecia

- Lancheria do parque: comida mais barata

- Mercado público: já senti cheiros piores, são muito mais prós que contras

- Muitas cenas culturais, muitos eventos, muita gente fazendo acontecer


PS: lidar é muito complicado e acho que fomos rápidos demais



o último

Livro: Meu casaco verde, Adyles Ros De Souza

Filme: A Lasanha Assassina: O ataque das massas (2023) - assisti no Fantaspoa

Série: You (2ª temporada)

Peça de teatro: apresentações de final de semestre do pessoal do 4º semestre da cadeira de atuação do DAD (departamento de artes drámaticas da faculdade), a do amor com a música Oração da Banda mais bonita da cidade (a que um dos atores olha a plateia a procura da mãe, encontra e diz "mãe eu te amo", a da praga que era de comédia e de reis e rainhas e de amor, onde dois atores passam a pandemia na Qorpo Santo. 

Exposição: Aquela coisa que pulsa e ViaRua, Museu da UFRGS

Música: Teu Inglês, Fellini

Show: Cardamomo e Psicho Delícia no Ocidente

Vídeo do Youtube: OSGÊMEOS - Revista Bravo

Viagem: com o carro novo velho do meu pai de Porto Alegre para Osório

Refeição: tentativa de sunomomo, carne, arroz, brocólis e laranja (jantar com minha mãe)

Bebida: água gelada

Sobremesa: chocolate alpino

Mensagem enviada: "fiz jantar com comidas de vdd com minha mãe!"

Compra: elásticos de cabelo

Fotografia:




Talvez essa tag tenha sido criada pela Isa do Isamateur, eu acredito que tenha sida na verdade. Obrigada Isa, bela tag! Tomei a liberdade e adicionei mais algumas propostas como: peça de teatro, show, exposição, mensagem, compra e fotografia. Se quiser fazer, por favor deixa aqui para eu ver depois e se tiver novas propostas atualizar aqui.☺

segredos por trás da zine agosto é um mês diabólico


Inspirado nas coisas que andava consumindo em agosto e setembro (mostra do cinema novo da Tchecoslováquia, e as coisas que só a Cinemateca Capitólio é capaz), referências que vivem me assombrando (eu adoro levar susto!), e a principal: a data de entrega do projeto final da aula de Laboratório de Fotografia I que tinha que ser meio livro, meio publicação... Fiz essa zine nuns dias de muitas inquietação, pensando muito nesse trecho do texto sobre a amostra de filmes: "cores pulsantes, lisergia e cinema novo, fresco".  Eu pensava muito sobre a Věra Chytilová, e mesmo assim ainda não vi as Pequenas Margaridas. 

PS: A zine foi meu trabalho final nessa aula durante o 3º semestre da faculdade de Bacharel em Artes Visuais, em 2022.

PARTE I

Os tiros e os desejos



Nessa aula vimos um pouco de fotográfica analógica, eu não sei muito sobre porque minhas câmeras são todas point n' shoot, não tem nenhuma função que não seja disparar ou voltar o filme. Também relevamos quase totalmente sozinhos. Toda a proposta do semestre girava em torno do monocromático, principalmente o preto e branco. Usei um filme Kentmere 100 e um Fomapan 400. 

Queria ter tido mais tempo para fotografar com toda a liberdade do mundo e com gente que não se incomodasse com os meus desejos. Mas eu mesma me incomodo porque fico achando que to sendo muito chata as vezes e acabo me inibindo. 

Essas fotos de cima acho que tirei no final de agosto ou ínicio de setembro, nelas a Júlia, que é minha amiga e também foi colega nessa aula, 1) imitou o leão de pedra do Recanto Oriental da Redenção e 2) fez parte da paisagem de concreto, fazendo o corpo se encaixar no Arco do Triunfo. Essas ideias de pose foram fortemente inspiradas pela Valie Export e por todas essas fotografas maneiras.



Essa foto da esquerda é um pouco do atrás das câmeras ao mesmo tempo que é um pelas câmeras sijdiofjdsij É uma das aulas de laborátorio de fotografia, um pouco antes de revelarmos esse mesmo filme. Já a foto da direita é uma das 2 fotos de 2021 que aparecem na zine, de tempos que não voltam mais, também é uma das poucas fotos que não foram tiradas por mim (por isso sou eu na foto!).


Meu grande amigo e colega Mateus que aparece meio misteriosamente, indecifrável em algumas das fotos. Essa foto ai eu tirei e em seguida, pelo que me lembro ele tirou desssa posição essa foto de baixo, a qual eu to fazendo de conta que to tirando outra foto da Júlia sdokdspofks. Esse momento todo de fazer as fotos eu não tinha nada na cabeça além de algumas lembranças e ideias que surgiam na hora por conta do ambiente.



PARTE II

Cores pulsantes, lisergia e cinema novo, fresco


Separei todo o material e o que eu mais gostava em cada coisa, veio também a ideia de usar a impressora jato de tinta, os papeis coloridos, lápis de cor. Experimentai scannear, mexer, pintar, scannear, escrever... Fiz mil testes e fui chegando em algo que considerava maneiro. 

Esse foi o primeirissimo teste de todos pelo que lembro, uma das minhas fotos favoritas: o namorado da Júlia, o Patricky, fez a pose que eu dirigi, até tirou os tênis e nem ligou que tava chuviscando e frio. Imprimi ela em papel rosa e rabisquei com aqueles lápis pretos de cor da Fabber-Castell. Super cinema novo!


Esse foi teste com impressão em papel rosa e sobreposição com marcador de texto azul, em seguida scannei em movimento para criar essa distorção, dei uma mexida nas cores e adicionei um pouco de ruído. Esses acabaram sendo só experimentação, não sairam na edição. 


  


Testes de impressão em papel branco e rosa. Até agora não me decidi sobre. O papel branco evidencia muito bem as cores mas o rosa é tão bonito! Pensei também sobre algumas edições serem mistas. 

Fui insegura e acabei com medo de fazer algo puramente de imagens, achei que não seria o sufiente para dizer tudo que estava pensando. Usei uma parte da música What Goes On do Velvet, porque eles estavam em alta na minha cabeça e sempre me uma nostalgia de ouvir qualquer som deles e uma vontade de dançar ou chorar. Selecionei alguns trechos de diário e algumas coisas que escrevi aqui no blog também e remetia a esses momentos agosto, setembro, férias de inverno, diversão, ingenuidade...

A capa é meu rosto amassado e scanneado e todas as letras foram feitas em grafite. O acabamento final da encadernação ficou sendo uma linha de costura vermelha pois não tinha grampos na hora e no fim ficou oficializado que seria assim e assim ficou o que deveria realmente ser. 

PARTE III

Depois de tudo

 
Sinopse: Recortes de diário e fotos de agosto com intervenções vibrantes, juventude e segredo. 

Minha professora disse que é bem pop art. Minha colega Luly disse que é muito jovem. A Amanda que me segue no Instagram e comprou disse que amou muito e que Agosto é o mês que ela nasceu. A Júlia adorou que apareceu em várias fotos escolhidas, ela também nasceu em Agosto. 

A zine esta disponível para leitura no Issuu, e também pode ser enviada para você em formato fisíco pelos correios, é só entrar em contato comigo por aqui ou em alguma rede social. O valor é R$ 10,00 mais o envio.

trago seu amor em 7 dias

 
Traz o amor amado. Reacende paixões em brasa. Cola corações partidos.

O primeiro sábado de março, dia 5. Chovia e eu indo encontrar Joana, minha amiga e colega de aula, na Casa de Cultura Mario Quintana. Ao mesmo tempo iamos encontrar o Juan (lê-se Ruan, ele é metade uruguaio) que é só amigo mas acho que em algum momento iremos ser colegas. Vimos as novas exposições por lá, e eu esperava mais da que era alguma coisa como fitas amarradas no ventilador. 

O texto dele foi publicado na Revista Fracasso - edição homens, e ia ter lançamento lá junto do ultimo dia da Papelera. Tinha palitos de queijo, cerveja e água para o lançamento. Eu e Joana compramos um zine em conjunto que se chama Clube nunca só para nós, porque ele estava com um super desconto e também eu preciso fazer um trabalho analisando alguma publicação de arte e essa é perfeita! Logo no início tem um questionário datilografado, como: "você ja teve um album de figurinhas? qual?", "já teve um amor de verão? qual a primera letra do nome del_? como foi?", "já fez algum feitiço?, "já fez ou gostaria de ter feito algo proibido? se sim, o que?", "como foi seu primeiro beijo?".... e foi o que mais me prendeu.

Domingo. Voltei para casa original, sempre acabo ficando super sozinha aqui e é bom e ruim e as vezes só um ou o outro. Dessa vez foi bom, depois de toda a inspiração no lançamento e exposições e folheagem em mil e um livros de artista reuni tudo e tive a ideia de chamar a Joana pra fazermos uma zine sobre amor, só da parte boa e infantil. A Joana é uma pessoa muito romântica e apaixonada, vou reescrever uns tweets dela aqui para provar isso e aproveitar uma de nossas pesquisas de material: 

meu deus tove lo eu realmente vou ser a primeira a morrer por amor

então quer dizer que dá para saber quando duas pessoas se beijaram..

como pode uma bitoca de quem a gente gosta curar tudinho

aos cinco namorados mandando mensagem de ano novo, calma calma! tem joana pra todos

vou desmaiar de tanto amor que eu tenho

o amor existe sim!! assistindo casamento às cegas japão

ganhei 2 beijos hoje to no lucro

Eu anseio por projetos coletivos e acho que esse vai ser concretizado porque nós duas estamos muito na pilha de fazer. Queremos lançar perto do dia dos namorados! Por enquanto estamos na etapa de pesquisa e arrecadação de material, entrevistamos alguns conhecidos com as perguntas do Clube nunca só para nós e agora estamos a procura de cartinhas, bilhetes, poeminhas e rabiscos que as pessoas tenham em casa e gostariam de compartilhar conosco para a publicação. Se tu quiser é só enviar através desse formulário aqui!

a natureza instável da vida






Francesca Woodman, Denver, 1958. Artista experimental, fotógrafava em preto e branco usando longa exposição, que permitia o corpo se misturar com o ambiente e ambos se misturarem com o tempo. Fazia prinicipalmente fotoperformances, onde era a camera e a modelo ao mesmo tempo."[...] o corpo da artista é habitualmente recortado, infinitamente escondido e nunca completamente capturado". Ciente da natureza instável da vida. 

Para ver mais fotografias clique aqui.
Ganhou a primeira câmera fotográfica do pai, fotógrafo e pintor, aos treze anos, e foi com ela que fez a maior parte das fotos. Gostava de dramatizar, excentricidades, literatura gótica, moda e surrealismo. Muito ambiciosa tinha um sentimento de competição com seus pais, ambos artistas, que já tinham reconhecimento no mundo da arte.

Suicidou-se no inverno 1981 em Nova York aos vinte e dois anos, pulando do alto de um edifício e deixando mais 800 fotografias. 


032: febre

Dia 8 doente. Cefaleia parece nome de flor. Quinta-feira passada acordei com febre e dor de garganta e desde então tenho tido febre, que é a pior parte, porque tudo é dolorido e cansativo e todas as vontades vão embora. Fui no médico duas vezes, não é nada grave só não intendendo porque demora tantoooo pra passar. Na segunda vez tomei duas injeções, e não lembro qual a última vez que tomei uma injeção. Em alguns momentos me sinto um pouco melhor, como agora, e ai faço alguma coisa qualquer pra parar de assistir coisas. 

Tem algo em ficar doente que é meio confortável. Sentir frio quando esta quente e poder aproveitar o aconchego e se tiver sorte alguém para cuidar de ti. Mas já estou cheia de não poder sair de casa, de não ir as aulas da faculdade, de não ver ninguém que não more na minha casa e (antecipadamente) de perder o que seria o meu primeiro carnaval.

Fiz todos esses desenhos agora antes de começar a escrever, no Paint. Desde que vim pra casa não tinha desenhado nada. Ontem fui arrumar o notebook com umas peças novas que chegaram e de uma forma muito burra escolhi formatar ele e agora estou sem nenhum dos meus programas Adobe Pirata, e achar bons programas desses está cada vez mais difícil!

Alguns filmes que assisti desde que fiquei doente:

Al morir la matinée (2020), slasher uruguaio que se passa nos anos 1980. Mortes muito divertidas e assassino misteriosissimo! Nada da história dele é revelada! Foi meu último filme antes de voltar pra casa, assisti na sessão de estréia da amostra A Vingança dos Filmes B, que tava rolando na Capitólio, foi logo depois de tomar rémedio quando um pouco de saúde veio trazer esperanças. 
Vida de balconista (2009), comédia nacional filmada quase inteiramente com uma lente olho de peixe e inspirada em fatos reais vividos pelo diretor. A história toda se passa na locadora Cavídeo e mostra o balconista lidando com vários tipos de clientes.  Trabalhar com público é terrível mesmo, fico imaginando se ele realmente atendia as pessoas com toda essa franqueza, porque muitas vezes da vontade. Nenhuma saudades de trabalhar!! Comédia 100% anos 2000, pais, facebook, nada muito funny ha ha ha. Tem no Youtube
Paixão de Aluguel (2005), comédia romântica daquelas que uma pessoa manipula para que outras se conheçam, namorem... clichê, Hillary Duff... Acabei dormindo a primeira vez que assisti e quando fui terminar fui perdendo a atenção lá pro final. Não é bom, não tem sal e essa adaptação do título, Perfect Man, nem faz sentido porque nada é alugado ou pago!! A única coisa que gostei e que é uma característica de muitas produções dos anos 2000 é que ela tem um blog que é mostrado as vezes.





Pinóquio (2022), a versão do Guillermo del Toro feita toda em stop-motion. Muito bonita e emocionante!! Até chorei um pouco em uma partezinha e isso nunca acontece. Fala sobre pais, filhos, vida, morte, aceitação... mil coisas! Também tem um mini doc que fala um pouco sobre o processo de criação do filme que é bem interessante, me convenceu que aquilo tudo era realmente stop-motion










Morte morte morte (2022), talvez um slasher ou falso slasher. Um grupo de amigos se reune numa casa distante e decidem jogar um jogo que me lembrou muito um Among Us vida real e que depois vira super vida real. Jovens ricos, drogas, relacionamentos, celulares, discussões e mortes. Também é um terrir. 
A mão assasina (1999). Talvez eu esteja super equivocada mas acho que nunca assisti uma unidade de filme de 1999 que não fosse ao menos bonzinho. Esse filme foi pra tentar compensar o que perdi na mostra dos filmes B. Halloween, um adolescente que ama assistir televisão e matar tempo com os amigos tem sua mão direita (ele é canhoto) possuída. Mesmo presa em seu corpo a mão é incontrolável e desesperada por caos e sangue! 

Cabeça vazia, oficina do diabo. 


Don't tell mom the babysitter's dead (1991). Esse filme é muitas coisas ao mesmo tempo mas nem sempre o tom de sátira é evidente (ou será que eu estava doente demais para perceber?). Esse título tinha tudo para ser um trash de terror ou uma comédia meio mórbida, os meus tipos de filme! Uma mãe solteira vai viajar por 2 meses com o namorado e deixa seus 5 filhos com uma babá, que morre e é enterrada com o dinheiro que deveria ser usado durante esse tempo. Para não perderem a liberdade e preocuparem a mãe a filha mais velha começa a trabalhar. Nesse meio as crianças vão a loucura, ninguém tem responsabilidade, muitas mentiras, roubos, dramas e as vezes uma crítica ao funcionamento da dinâmica: uma pessoa sai para trabalhar e a outra cuida da casa. Umas coisas são legais outra se alogam demais. 

go gol

oioi
praia surf rock
plapla no teclado
almoça comigo quinta-feira
goldmine
fala assim
amaro
wild honey
put your head on my shoulder
andar de ônibus
de carro
a pé
luzes se apagam
onde está dona Celi?
a união do vegetal
as perguntas que começam com
vou te fazer uma pergunta pessoal
e
qual a tua opinião sobre
deitar no parque
olhar o céu
abismo da vida
o mundo como bagagem
a gravidade
sorri
sorriso
bobo
não para de confessar
que me viu aquele dia
primeiro dia
na fila
ontem
me diga
3 músicas minhas
canta pra mim
com tua voz de veludo
me lembra
me liga
como peixinhos a nadar no mar


*Escrito em 24 de novembro de 2022 nas notas do celular.

031: por isso eu não

ilustração de G. W.

É o 19º dia das férias e esta por um fio de acabar. Voltei a gostar de assistir filmes por causa de Creep e por causa dele, ando com muita vontade de fazer um filme de terror por pura diversão. Ter uma ideia, esboçar e fazer e assistir.  Achei a história desse filme tão boa que o pensamento "histórias que prendem a atenção" me perseguiu por muitos dias, mas ainda não tive nenhuma. E é tão prático e simples e perfeito! 

As vezes tem infestação de barata aqui. Uma noite eu vi 5. Matar elas me deixa nervosa porque não gosto de ficar perto o suficiente para que elas tenham a oportunidade de subir em mim. Não sei porque tenho tanto medo-nojo de baratas, na verdade nunca vivemos nada horripilante juntas. Mas tenho uma péssima memória com bichos-cabeludos, quando uma vez um caiu nas minhas pernas dentro do carro durante um passeio. 

Até agora passei mais da metade dos dias em casa, quase o dia inteiro sozinha. Mas é ruim assistir filmes de dia porque a luz do sol reflete na televisão e deixa a experiência péssima. A noite é ruim porque não me garanto em assistir nada de suspense, terror ou drama sozinha no escuro. E é isso que eu gosto. Por isso mesmo estando com muita vontade não tenho assistido muita coisa, vou esperar para assistir na casa do Gustavo, com o Pedro também, lá as cortinas não deixam a luz entrar e o sofá é gigante. Talvez a gente vá na praia na quarta-feira, talvez eu volte para Porto Alegre na também. Na verdade não sei o que eu quero, essas férias estando me fazendo sentir em outra realidade.