poesias que não são minhas

Essa insegurança de escrever e não ler e de escrever e não mostrar e de escrever e sair correndo. Eu, eu, eu. Mês passado li O Apanhador no Campo de Centeio, e é esse tipo de coisa que gosto de ler. Será que vou gostar de histórias da juventude, melancolia, segredos, aventuras, descobertas, crescer... pra sempre? Agora estou lendo Nove Histórias, do mesmo autor. É uma coisa diferente mas mesmo assim ele sabe muito bem como escrever pra mim. Em Nove Histórias preciso investigar toda a história para compreender o que se passou ali, e isso me prende. Depois de cada conto fico um tempo matutando e depois vou ler uma análise, teve um que li um artigo inteiro sobre. A verdade é que fazia tempo que não lia ficção literária, a universidade só trás coisas ou muito científicas ou muito conceituais e eu não sei como aguentaria essas 3 semanas de férias sozinhas sem todas essas histórias. 

Tive uma idéia para uma zine ou sei lá onde escrevo tudo pelo celular, lá as coisas tem sempre mais chance de sairem erradas porque as letras são pequenas e os dedos são do tamanho que os dedos devem ser, essas duas coisas não estão em equilibrio como os teclados de verdade. Não reviso, não reescrevo, não corrijo e junto tudo em uma coisa com imagens e depois de tudo pronto esta pronto. A proposta seria ver o que podemos ler dali, mesmo com coisas com letras trocadas e ou com palaras quase indecifravéis. Ver o português instrumental em prática. Os acontecimentos que inspiraram isso foram a troca de mensagens entre mim e minha prima, ela nunca se esforça para corrigir qualquer mensagem que envia pra mim e se eu não a conhecesse talvez nem saberia o que esta escrito, as coisas são naturalemente criptografadas. Com a minha mãe e parecido, mas mutuo, e não tão secreto. Depois ainda veio esse texto da Esteph onde ela é tão real que não muda nada e as letras embaralhas deixa tudo ainda mais próximo de nós, do que ela esta vivendo. 

Acompanho umas indicações de livros e poesias do Beavis and Bookhead e é sempre uma graça. O momento para para que eu leia com toda a calma até o último verso. Recentemente também descobri a zine digital Felisberta, que reune autores ainda vivos e escrevendo, em edições sazonais. Recomendo fortemente a leitura da última edição, de inverno, que trás poemas do Diego Elias, responsável pela Beavis and Bookhead. Salvei alguns poemas que conheci através desses dois lugares:

adília lopes entra

1.
adília lopes
liga pro cabeleireiro
da simone weil

2.
adília lopes
dança noise depois
fode

3.
adília lopes
na void
dizendo quero lá saber
que sejam inteligentes artistas sexy sei lá o quê

4.
adília lopes
sai do mar maiô e sal
cintilando

5.
adília lopes
por enquanto
diverte-se

Ana Luiza Rigueto 

Essa me lembra muito a letra da música Fátima Bernandes Experiência do Skylab. Mas também me faz pensar na faculdade e nas pessoas, em mim, e em quem é Adília Lopes? Um diário de acontecimentos do vídeo-filme. 

finesse & fissura

melindre da língua
fetiche do meu verso que aflora
minha finesse que finda
minha delicatesse que míngua
minha fissura que implora

Ledusha

 

O último poema

Assim eu quereria o meu último poema

Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamnates mais límpidos
A paixão dos suiccidas que se matam sem explicação

Manuel Bandeira

 

e
ntro
no banho
para evitar
minhas lágrimas
afinal chorar no chu
veiro é chover no molhado
oooooooooooooooooooooo
ooooooooooooooooooo
oooooooooooooo

Giovana Bezerra

socorro

socorro fiona apple
tem um quarto sobrando aí
levei um pé na bunda homérico
e achei que você entenderia a situação
pedi demissão e com a grana
do seguro desemprego
comprei passagens pra cá
trouxe livros de poesia brasileira
posso traduzir pra ti
ana martins marques é a melhor
vem vou começar
the book of resemblances

Pedro Cassel

 

Além de tudo queria registrar aqui:

⭐ a importância das notas pela zine NOTAS 2 de Livia Deboni
⭐ muitos poemas e pensamentos interessantes de Piovepato
⭐ poesia colagem em Bricando com a boniteza da língua portuguesa pt.3 de Luiza Heuko (indico todas as partes!)
⭐ o inferninho de Brida Abajur
⭐ o desenho no ínicio, onde esbocei um mini poema que fiz para a Xis em umas cartas que trocamos. 

2 comentários

  1. gabs, que loucura ler sua postagem logo após a da steph. de fato, compreendi e entendi tudo e senti o que vcs sentem
    continue aproveitando suas férias <3

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    1. obrigadaa emy!! é ótimo ler algo e sentir como se estivessemos ali, que bom que causamos isso sdfoksdpofk

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