041: o melhor ano de todos



Era janeiro e eu sentia que esse seria o meu ano. Participei e organizei minhas primeiras exposições coletivas, mostrei trabalhos que me deixam contente, comecei o estágio, conheci muita gente boa, experimentei coisas novas, organizei e produzi outros eventos e projetos que realmente se tornaram realidade. Fomos até chamados para fazer uma fala num canal de TV local, que ninguém viu mas mesmo assim foi mais um sinal de que é o ano. E eu amo o curso que escolhi e de como tudo esta indo bem e espero um dia viver como em Sex in the city, mas melhor!! 

Eu e mais dois colegas começamos a organizar este evento voltado a videoarte, VideoArteShow. Ele surgiu com nossa vontade de fazer algo e esse algo acontecer. Um dos integrantes é aluno de História da Arte e também faz crítica de cinema, o outro também é das Artes Visuais e esta explorando muito o vídeo ultimamente, em 2022 nos fizemos Laboratório de Vídeo  juntos e foi lá que nos conhecemos. Esses nome foi só uma ideia que veio na hora quando criei o grupo e ai todo mundo gostou e ficou assim. Nos fazemos reuniões toda semana, normalmente no RU, quando precisa, na sala de cinema da universidade, onde um deles é bolsista e quando todo mundo tem tempo na minha casa. Nossa primeira exibição trazia o questionamento de o que é videoarte? e foi na Sala Redenção, a sala de cinema que falei. Foi bastante gente, inclusive professores muito queridos e todo mundo participou da conversa com os artistas presentes. Nos fizemos material de divulgação impresso e espalhamos por tuuuudo e no dia distribuímos 47 exemplares da zine com a programação. 47 porque esse é um dos números da sorte de um dos integrantes. Faltou zine, porque foi muita gente. A zine também virava poster e era tamanho A3. Foi sucesso, nem nós acreditamos!


Tirando todas as exposições e eventos de aula, organizei praticamente sozinha uma feira gráfica. Essa feira foi criada por uma das pessoas que trabalha comigo no estágio, e a ideia é que a cada edição uma pessoa diferente do curso de Artes Visuais fique responsável pela produção. Eu deveria ter escolhido minha equipe sabiamente, porque como aprendi na aula de Prossionalização e editais nesse último semestre, nós precisamos de uma boa equipe e de uma boa ideia na mesma quantidade. 


Estou de férias das aulas e estágio! Esses meses foram ótimos e muito corridos. Em nenhum momento eu assisti a um filme ou série ou liguei a televisão em qualquer canal que fosse. Também não fui no cinema e nem ao teatro e vivi pelo outro lado dos eventos cultuais. 

Anseio todos os dias por morar sozinha de uma vez. Não precisar mais dividir o apartamento. Acredito do fundo do meu coração que isso está cada vez mais perto de ser verdade verdadeira. Me sinto sobrando na minha casa natal, porque as minhas coisas não estão mais aqui e o que ainda resta esta encaixotado desde as chuvas do ano passado, quando o telhado do prédio estragou e até hoje não conseguiram resolver. Tenho me sentido meio ao léu. Odeio morar com minha prima, ela é insuportável. 

Porquês do melhor ano de todos:

⭐ Visitar casa demolida com os amigos
⭐ Mano passou duas semanas em Porto Alegre
⭐ Primeira exposição e edital: Panelinha!
⭐ Lomba abaixo
⭐ Produção de exposições
⭐ Festa da zine 3
⭐ Fui chamada para fotografar o Beirada (3!!)
⭐ Aniversário da Paula e Vi na Travessa e primeira vez no karaokê 
⭐ Muitos amigos e gente maneira
⭐ Faltou luz no Capitólio e conhecemos o diretor de Xis Coração
⭐ Bar em bar, festa da história, show do Junas onde todo mundo ficou doente sokdpofkds
⭐ Picnic Proibido e passeios com a Maria Ivone 
⭐ Redescobrindo a cidade
⭐ Aniversário da Bruna, mais gente legal e conhecendo o Pito (superestimado!)
⭐ Aniversário do Enrique - de volta a cidade grande
⭐ Primeiro show da Transmissão Beta!! com a Vica
⭐ Incontáveis jantares e almoços com os amigos do coração
⭐ Muita foto com a camera da Elaine
⭐ Primeiro VideoArteShow
⭐ Exposição da aula da Elaine e novos trabalhos
⭐ Apareci na TV local
⭐ Convite pra integrar um circuito com a VideoArteShow
⭐ Me reconheceram na rua
⭐ Sem Título (Feira II) deu tudo certo
⭐ Primeira vez comendo camarão (Muralha da China)
⭐ Diversão e tristezas que não vão embora
⭐ Poeminha recorte
⭐ Mil visitas e aberturas
⭐ Convites especiais e por enquanto secretos



PS: Talvez tenham mais, mas não me lembro. Desejo a todos o melhor sempre! 

media-zines collection

 

Não tenho certeza sobre a existência verdadeira de media-zine como um termo, mas o que quero dizer é que é uma zine média, menor que uma zine de tamanho mais comum como A5 e maior que um minizine, que costuma ser no máximo A7. Também incluo nessa categoria as zines que são apenas uma folha A4, dobradas ou não, e formatos além de As. Com isso em mente, vou apresentar minha coleção de zines desse tipo.

zines Duda Carneiro

A Duda foi a primeira pessoa que me enviou uma zine por correio, e eu ansiava por esse acontecimento! Nem lembro exatamente quando começamos isso, se foi em 2018, 2019... e ate hoje trocamos coisas. Ela é de Brasilia, estudante de artes e cartunista, atualmente tem um selo de publicações em conjunto do namorado, que se chama Selo Sapo Estrela. Os quadrinhos dela sempre tem um humor ácido, uma ironia, uma coisa horrível e estranhamente engraçada. A maioria desses são mais antigos, de quando ela tava no ensino médio, os mais recentes são Café & Papel (2023) e Capitã Nebula (2022), além disso ela tem muitas outras publicações que são muitos grandes ou muito pequenas pro media-zine ofkdspofksd

 Manual da boa garota (s.d.), Ovelha Negra n. 2 (maio/2019), Cogumelos em chamas (2022)

zines José Roberto Celestino

quadrinho panqueca
José Roberto Celestino, é quadrinista e artista de Petrolina, Pernambuco. Nos viramos amigos durante a pandemia por conta de uma oficina online de quadrinhos ministrada pela Carol Ito. Eu gosto muito de como ele escreve diálogos, e como o desenho as vezes demora para se formar e como isso da um ritmo diferente pras narrativas. Na foto eles estão do mais do mais velho pro mais recente. Acho que o meu favorito é o Catapora (2022), todos são compilados de quadrinhos que ele produz quase diariamente, esse em especial é uma seleção muito engraçadinha e tem um dos meus prediletos, o da panqueca! 

Familia Adams Sandler, colagem de Thiago Cruz

Isto não é uma revista de terror, é um apanhado de quadrinhos completos e ideias de comédia e terror por Cláudio Mor, Leonardo Pascoal e Thiago Cruz. É bem divertido e o mais com profissional no acabamento, me lembra uma mini revistinha que acompanha um jogo de CD. Eu comprei ano passado numa feirinha de rua junto do Garimpando Letrinhas e dos escritos de Guilherme Theo. 

Garimpando Letrinhas nº. 8 (2007), são escritos de Marcela Gadelha e Cláudio Carvalho. Ele é meio como se imagina um zine quando se descobre o que é um zine fodkfpodsfk são críticas a sociedade e devaneios de fácil digestão, com muito xerox, letras de mão e colagens. Me deixa curiosa sobre como eram as outras edições, como eram distribuídas, como era o circuito de zine nos anos 2000?

Bikini Kill - The singles
Minhas letras favoritas (2022)
É exatamente o que diz, as letras favorita de Julia Caus Falce, do album The Singles do Bikini Kill, dispostas de uma forma divertida e ilustrada. A Júlia é também responsável pela zine Chorona, líder da banda Júlia e as Choronas e mil coisas mais. 

Cara pessoa - questionário (2018), escrito por Luana Alt tem formato bloco de anotações, abre no sentido vertical, e é composto por várias perguntas de múltipla escolha sobre o que você é. Esse ganhei durante minha primeira feira gráfica, quando visitei o dia de portas abertas da faculdade (que estudo hoje!).

Garimpando Letrinhas  nº. 8 e Bikini Kill - The Singles


Poustplaf: Luiza no Centro de Porto Alegre (2018) é uma zine sobre esse projeto, Poutsplaf, do fotografo Gustavo Razzera, sobre a arte e o erótico, de forma documental e ensaiada quase ao mesmo tempo. Ganhei em uma oficina de fotografia com placas de raio-x que fiz na casa de cultura com o próprio Gustavo em 2021, quando estava me mudando para Porto Alegre e as aulas da universidade estavam voltando ao presencial. 

Talvez o nome dessa seja 'a reba dos 30' (ou 'o retorno de Saturno')o u talvez seja só escritos de Guilherme Theo, eu não sei e talvez nunca saiba! Essa gosto muito do papel vermelho com as letras pretas, os escorpiões que emolduram o título da folha que dobrada vira a capa, e esse desprendimento de ser só uma folha dobrada e quando abre tem muitos poemas frente e verso como um encarte de CD com as letras das músicas. Foi umas minhas inspirações pra essa zine que fiz

040: por água abaixo

privada feita por mim no paint

MARÇO

dizer não pra si e dizer não pra todos

sai garoto

cada um por si e Deus contra todos

D de DETONARAAAAM no karaokê

queria ser bonita

eu não sou como imagino

detesto quando tenho que estar em 3 lugares ao mesmo tempo 
porque amo viver a vida e recusar algo é um desafio ainda maior

não me basta dobrar as horas, estender os minutos, 
o tempo nunca mais vai passar como no maternal 
e para ter tudo eu deveria ser duas, 
de pernas longas e carta de habilitação e super powers

depois disso estão todos me devendo

caiu uma árvore na frente do simsalabim

fechar os olhos e te beijar ou fechar os olhos e ser beijada

cada um com um livro a sua escolha, abra e continue da onde o outro parou 
ao vivo sem enrolação até alguém gritar stop

e tinha gosto de xarope com mel

club do elevador subindo pro 10°. 1002. 
ele quebra entre o 7° e o 8° e só sei disso porque 
o porteiro que conheço ensinou como abrir a porta quando trava no térreo. 
decido pular pro 7°. não tinha quebrado, só faltado luz e me despedaço

meu pai não suporta ouvir qualquer som que eu escolha

amanhã vamos ler em voz alta na aula

Às vezes voltar pra casa é como um presente e depois de uns dias 
é um presente que não se precisa e depois de mais uns é um incomodo

ABRIL

não dizer um aí, não acreditar tanto tanto até que desapareço

dormir vendo jovens loucos e rebeldes é como queria dormir hoje

impossível fechar os olhos e sonhar

e esse é um dos melhores momentos dos últimos dias e anos

o tempo todo meus pensamentos em comunhão rezando 
e falando baixinho todos ao mesmo tempo

dar uma desopilada

garotos que eu beijaria e alguns eu nunca nem vi ao vivo:

antes de ter 10 anos lembro que falei pra minha mãe que tava entediada, 
e eu vivia entediada o tempo todo, então nós fomos até o quarto 
e ela procurou tédio no dicionário 
e lemos a definição e era exatamente o que eu sentia

eu tô muito triste mesmo

MAIO

duas semanas sem o sopro da vida, sem as cores de giz

viver no mundo

pink punk

vento no cabelo

mastigar paracetamol

queria ter um segredo meu

dentes de vampiro

contar todos os ladrilhos do banheiro, as pastilhas da piscina

diálogo afiado, excêntrico, assassino de aluguel, romântico

ter o corpo, as roupas e a fama da Carrie, 
o emprego da Charlotte, 
a confiança e caráter da Miranda 
e ser amiga da Samantha

frasco mortífero, 
a forma mais humana de matar borboletas

faz semanas que não risco um papel


JUNHO

ontem acordei chorando

só gosto dos meus felinos

já não existo mais

e nem doeu

and she was
commom people
hanging on the telephone
lembro um ano novo, 2014 pra 2015 acho,
que passei de um pro outro viciada em burning down the house

sonhos selvagens

muito romântico a françoise hardy morrer um dia antes do dia dos namorados,
depois de viver 80 anos e ter o mesmo amor desde 1981

meu primeiro dia dos namorados sozinha desde que aprendi a beijar

can-tan-do-er-ra-do

eu preciso parar
mas não consigo parar
mas não quero parar

ontem o som de todos estava estourando
e no fim fiquei meio surda e não entendi nada que ela disse

cheiro de unesul

garotas do rock são mulheres do crime,
são melhores ao tremelique

kisses list

embotado: que perdeu a sensibilidade, a energia;
que perdeu o fio, não esta afiado

biliosa: de mau gênio;
inclinado a cólera

carne viva

(continua...)