how to pack like joan didion

PARA EMBALAR E USAR

2 saias
2 blusas de malha ou collants
1 suéter de lã
2 pares de sapatos
meias-calças
sutiã
camisola, robe, chinelos
cigarros
bourbon
bolsa com: 
        xampu
        escova e pasta de dentes
        sabonete Basis
        lâmina de barbear
        desodorante
        aspirina
        medicamentos
        Tampax
        creme para o rosto
        pó compacto
        óleo de bebê

PARA LEVAR

manta de mohair
máquina de escrever
2 blocos de anotações e canetas
arquivos
chave de casa



Lista extraída da página 34 do livro White Album de Joan Didion.
Em homenagem a péssima mala que fiz para passar as férias em casa e a mala que farei sábado para passar o ano novo na praia. 

séries de garota


Estou assistindo Girls, a série. Obrigada Bia por falar sobre isso, não sabia que a Lena Dunham sequer existia antes disso. Começando a última temporada a pouco, não quero que acabe até eu voltar às aulas. Essa é exatamente o tipo de história que eu gosto. Acredito que todas as personagens são fortemente inspiradas em fatos de verdade verdadeira, mesmo com coisas malucas e absurdas cada cena e diálogo excêntrico, já esteve ou poderia estar na minha vida. É uma história muito crua e eu amo como isso é explicitado também na fotografia. De alguma forma, ver isso, me deixa mais segura de mim mesma e mostra que todo mundo é desconcertado e feio e caótico e mesmo assim há coisas boas e poesia dura e amor e amizade. Estou curiosa com as outras produções da Lena. 

A série se passa entre 2012 e 2017. Em 2012 eu já tinha blogs e escrevia e lia coisas na internet. O início dos vlogs, as meninas Capricho que iam morar sozinhas em São Paulo, comiam no Starbucks e viajam para o exterior, usavam Dr. Martens, batom vermelho e liam muito. Em Girls, elas moram em Nova York, são recém graduadas na universidade, se vestem como hipsters, tem sonhos e objetivos e estão perdidas, tem hábitos questionáveis, são egoístas, medrosas, folgadas, loucas... Me faz pensar sobre como tudo isso que acompanhava na época era ingênuo e superficial, inspirado em realidades que na verdade são imperfeitas.... Não sei onde quero chegar ou se quero chegar. A distorção e coisas que só se descobre com o tempo. 

A trama tem um humor muito irônico e ousado que acho super divertido!! Tudo fica quase sempre para a personagem principal, Hanna, interpretada pela própria Lena. Esse tom me lembra de conversas e piadas proibidas que meus amigos faziam muuuito quando eu ainda não tinha ido para a faculdade e me mudado, e as coisas eram mais simples e adolescentes. É complexo começar do começo, achar quem pense contigo e seja capaz de desenvolver uma narrativa inventada cheia de "e se" e imagens mentais mirabolantes. 

Quando a outra protagonista, Marnie, começa o primeiro episódio falando que quando o namorado a toca é como o toque de um tio velho. É exatamente assim que me sinto quando a vontade pungente de terminar um relacionamento começa a me perseguir. Ou a primeira cena de tudo, quando Hanna tenta convencer os pais de continuarem a bancando (minha mãe pensa exatamente assim dfosfkopskdf).

eu deveria

comprar uma câmera
fazer análise
correr
passar fio dental
me atravessar na frente dos carros da avenida perimetral
prestar atenção em tudo que minha mãe fala
arrumar a cama
experimentar maconha
lavar as roupas delicadas a mão
não comer doce
eu deveria
usar salto
falar de amor e sexo
saber a hora que nasci
concordar com meu pai
fazer massagem
guardar dinheiro
comprar um guarda-roupa
dar antipulgas a gata
tirar carta de habilitação
ser questionada
ter a moral pura
devolver a carteira
comprar leite
ter um sobretudo
usar sutiã
esperar a minha vez
apostar e ganhar
desentupir a pia do banheiro
falar bem em público
arrumar a cama
não chegar atrasada
ter sempre um gloss a mão
ler um clássico
me bronzear
fazer cirurgia para não precisar mais usar óculos
passar uma semana trancada numa sala sendo observada por estranhos
chorar quando triste
sair sem pagar
ir a um encontro a cegas
viajar no feriado
viajar sozinha
andar descalça
me perder no mato
fazer aula de francês
dar dinheiro ao pedinte
andar de bicicleta na orla
dar duas voltas na tranca da porta
dormir sem calcinha
andar na montanha-russa invertida
fazer uma visita surpresa
ficar um dia sem falar
visitar o túmulo do meu avô
passar o fim do ano na praia
me afogar no mar
saber o que é prolixo
ir a missa
rezar o pai nosso
ser um anjo
só falar a verdade
saber descascar laranja
escrever na rua
fazer a unha
só andar em ônibus vazio
não beijar
ter uma sombrinha
ter um leque
tomar chá gelado com mel
vomitar quando cheia
só dormir em cama de casal
tomar anticoncepcional
esquecer meu primeiro amor
ir ao dentista
aprender a dizer não
não deixar nada para última hora
não comer por impulso
tomar café preto
estar sempre atenta
dormir por um dia inteiro
soprar tão forte que os carros voassem quando eu atravessasse a rua no horário de pico