eu deveria

comprar uma câmera
fazer análise
correr
passar fio dental
me atravessar na frente dos carros da avenida perimetral
prestar atenção em tudo que minha mãe fala
arrumar a cama
experimentar maconha
lavar as roupas delicadas a mão
não comer doce
eu deveria
usar salto
falar de amor e sexo
saber a hora que nasci
concordar com meu pai
fazer massagem
guardar dinheiro
comprar um guarda-roupa
dar antipulgas a gata
tirar carta de habilitação
ser questionada
ter a moral pura
devolver a carteira
comprar leite
ter um sobretudo
usar sutiã
esperar a minha vez
apostar e ganhar
desentupir a pia do banheiro
falar bem em público
arrumar a cama
não chegar atrasada
ter sempre um gloss a mão
ler um clássico
me bronzear
fazer cirurgia para não precisar mais usar óculos
passar uma semana trancada numa sala sendo observada por estranhos
chorar quando triste
sair sem pagar
ir a um encontro a cegas
viajar no feriado
viajar sozinha
andar descalça
me perder no mato
fazer aula de francês
dar dinheiro ao pedinte
andar de bicicleta na orla
dar duas voltas na tranca da porta
dormir sem calcinha
andar na montanha-russa invertida
fazer uma visita surpresa
ficar um dia sem falar
visitar o túmulo do meu avô
passar o fim do ano na praia
me afogar no mar
saber o que é prolixo
ir a missa
rezar o pai nosso
ser um anjo
só falar a verdade
saber descascar laranja
escrever na rua
fazer a unha
só andar em ônibus vazio
não beijar
ter uma sombrinha
ter um leque
tomar chá gelado com mel
vomitar quando cheia
só dormir em cama de casal
tomar anticoncepcional
esquecer meu primeiro amor
ir ao dentista
aprender a dizer não
não deixar nada para última hora
não comer por impulso
tomar café preto
estar sempre atenta
dormir por um dia inteiro
soprar tão forte que os carros voassem quando eu atravessasse a rua no horário de pico

041: o melhor ano de todos



Era janeiro e eu sentia que esse seria o meu ano. Participei e organizei minhas primeiras exposições coletivas, mostrei trabalhos que me deixam contente, comecei o estágio, conheci muita gente boa, experimentei coisas novas, organizei e produzi outros eventos e projetos que realmente se tornaram realidade. Fomos até chamados para fazer uma fala num canal de TV local, que ninguém viu mas mesmo assim foi mais um sinal de que é o ano. E eu amo o curso que escolhi e de como tudo esta indo bem e espero um dia viver como em Sex in the city, mas melhor!! 

Eu e mais dois colegas começamos a organizar este evento voltado a videoarte, VideoArteShow. Ele surgiu com nossa vontade de fazer algo e esse algo acontecer. Um dos integrantes é aluno de História da Arte e também faz crítica de cinema, o outro também é das Artes Visuais e esta explorando muito o vídeo ultimamente, em 2022 nos fizemos Laboratório de Vídeo  juntos e foi lá que nos conhecemos. Esses nome foi só uma ideia que veio na hora quando criei o grupo e ai todo mundo gostou e ficou assim. Nos fazemos reuniões toda semana, normalmente no RU, quando precisa, na sala de cinema da universidade, onde um deles é bolsista e quando todo mundo tem tempo na minha casa. Nossa primeira exibição trazia o questionamento de o que é videoarte? e foi na Sala Redenção, a sala de cinema que falei. Foi bastante gente, inclusive professores muito queridos e todo mundo participou da conversa com os artistas presentes. Nos fizemos material de divulgação impresso e espalhamos por tuuuudo e no dia distribuímos 47 exemplares da zine com a programação. 47 porque esse é um dos números da sorte de um dos integrantes. Faltou zine, porque foi muita gente. A zine também virava poster e era tamanho A3. Foi sucesso, nem nós acreditamos!


Tirando todas as exposições e eventos de aula, organizei praticamente sozinha uma feira gráfica. Essa feira foi criada por uma das pessoas que trabalha comigo no estágio, e a ideia é que a cada edição uma pessoa diferente do curso de Artes Visuais fique responsável pela produção. Eu deveria ter escolhido minha equipe sabiamente, porque como aprendi na aula de Prossionalização e editais nesse último semestre, nós precisamos de uma boa equipe e de uma boa ideia na mesma quantidade. 


Estou de férias das aulas e estágio! Esses meses foram ótimos e muito corridos. Em nenhum momento eu assisti a um filme ou série ou liguei a televisão em qualquer canal que fosse. Também não fui no cinema e nem ao teatro e vivi pelo outro lado dos eventos cultuais. 

Anseio todos os dias por morar sozinha de uma vez. Não precisar mais dividir o apartamento. Acredito do fundo do meu coração que isso está cada vez mais perto de ser verdade verdadeira. Me sinto sobrando na minha casa natal, porque as minhas coisas não estão mais aqui e o que ainda resta esta encaixotado desde as chuvas do ano passado, quando o telhado do prédio estragou e até hoje não conseguiram resolver. Tenho me sentido meio ao léu. Odeio morar com minha prima, ela é insuportável. 

Porquês do melhor ano de todos:

⭐ Visitar casa demolida com os amigos
⭐ Mano passou duas semanas em Porto Alegre
⭐ Primeira exposição e edital: Panelinha!
⭐ Lomba abaixo
⭐ Produção de exposições
⭐ Festa da zine 3
⭐ Fui chamada para fotografar o Beirada (3!!)
⭐ Aniversário da Paula e Vi na Travessa e primeira vez no karaokê 
⭐ Muitos amigos e gente maneira
⭐ Faltou luz no Capitólio e conhecemos o diretor de Xis Coração
⭐ Bar em bar, festa da história, show do Junas onde todo mundo ficou doente sokdpofkds
⭐ Picnic Proibido e passeios com a Maria Ivone 
⭐ Redescobrindo a cidade
⭐ Aniversário da Bruna, mais gente legal e conhecendo o Pito (superestimado!)
⭐ Aniversário do Enrique - de volta a cidade grande
⭐ Primeiro show da Transmissão Beta!! com a Vica
⭐ Incontáveis jantares e almoços com os amigos do coração
⭐ Muita foto com a camera da Elaine
⭐ Primeiro VideoArteShow
⭐ Exposição da aula da Elaine e novos trabalhos
⭐ Apareci na TV local
⭐ Convite pra integrar um circuito com a VideoArteShow
⭐ Me reconheceram na rua
⭐ Sem Título (Feira II) deu tudo certo
⭐ Primeira vez comendo camarão (Muralha da China)
⭐ Diversão e tristezas que não vão embora
⭐ Poeminha recorte
⭐ Mil visitas e aberturas
⭐ Convites especiais e por enquanto secretos



PS: Talvez tenham mais, mas não me lembro. Desejo a todos o melhor sempre! 

media-zines collection

 

Não tenho certeza sobre a existência verdadeira de media-zine como um termo, mas o que quero dizer é que é uma zine média, menor que uma zine de tamanho mais comum como A5 e maior que um minizine, que costuma ser no máximo A7. Também incluo nessa categoria as zines que são apenas uma folha A4, dobradas ou não, e formatos além de As. Com isso em mente, vou apresentar minha coleção de zines desse tipo.

zines Duda Carneiro

A Duda foi a primeira pessoa que me enviou uma zine por correio, e eu ansiava por esse acontecimento! Nem lembro exatamente quando começamos isso, se foi em 2018, 2019... e ate hoje trocamos coisas. Ela é de Brasilia, estudante de artes e cartunista, atualmente tem um selo de publicações em conjunto do namorado, que se chama Selo Sapo Estrela. Os quadrinhos dela sempre tem um humor ácido, uma ironia, uma coisa horrível e estranhamente engraçada. A maioria desses são mais antigos, de quando ela tava no ensino médio, os mais recentes são Café & Papel (2023) e Capitã Nebula (2022), além disso ela tem muitas outras publicações que são muitos grandes ou muito pequenas pro media-zine ofkdspofksd

 Manual da boa garota (s.d.), Ovelha Negra n. 2 (maio/2019), Cogumelos em chamas (2022)

zines José Roberto Celestino

quadrinho panqueca
José Roberto Celestino, é quadrinista e artista de Petrolina, Pernambuco. Nos viramos amigos durante a pandemia por conta de uma oficina online de quadrinhos ministrada pela Carol Ito. Eu gosto muito de como ele escreve diálogos, e como o desenho as vezes demora para se formar e como isso da um ritmo diferente pras narrativas. Na foto eles estão do mais do mais velho pro mais recente. Acho que o meu favorito é o Catapora (2022), todos são compilados de quadrinhos que ele produz quase diariamente, esse em especial é uma seleção muito engraçadinha e tem um dos meus prediletos, o da panqueca! 

Familia Adams Sandler, colagem de Thiago Cruz

Isto não é uma revista de terror, é um apanhado de quadrinhos completos e ideias de comédia e terror por Cláudio Mor, Leonardo Pascoal e Thiago Cruz. É bem divertido e o mais com profissional no acabamento, me lembra uma mini revistinha que acompanha um jogo de CD. Eu comprei ano passado numa feirinha de rua junto do Garimpando Letrinhas e dos escritos de Guilherme Theo. 

Garimpando Letrinhas nº. 8 (2007), são escritos de Marcela Gadelha e Cláudio Carvalho. Ele é meio como se imagina um zine quando se descobre o que é um zine fodkfpodsfk são críticas a sociedade e devaneios de fácil digestão, com muito xerox, letras de mão e colagens. Me deixa curiosa sobre como eram as outras edições, como eram distribuídas, como era o circuito de zine nos anos 2000?

Bikini Kill - The singles
Minhas letras favoritas (2022)
É exatamente o que diz, as letras favorita de Julia Caus Falce, do album The Singles do Bikini Kill, dispostas de uma forma divertida e ilustrada. A Júlia é também responsável pela zine Chorona, líder da banda Júlia e as Choronas e mil coisas mais. 

Cara pessoa - questionário (2018), escrito por Luana Alt tem formato bloco de anotações, abre no sentido vertical, e é composto por várias perguntas de múltipla escolha sobre o que você é. Esse ganhei durante minha primeira feira gráfica, quando visitei o dia de portas abertas da faculdade (que estudo hoje!).

Garimpando Letrinhas  nº. 8 e Bikini Kill - The Singles


Poustplaf: Luiza no Centro de Porto Alegre (2018) é uma zine sobre esse projeto, Poutsplaf, do fotografo Gustavo Razzera, sobre a arte e o erótico, de forma documental e ensaiada quase ao mesmo tempo. Ganhei em uma oficina de fotografia com placas de raio-x que fiz na casa de cultura com o próprio Gustavo em 2021, quando estava me mudando para Porto Alegre e as aulas da universidade estavam voltando ao presencial. 

Talvez o nome dessa seja 'a reba dos 30' (ou 'o retorno de Saturno')o u talvez seja só escritos de Guilherme Theo, eu não sei e talvez nunca saiba! Essa gosto muito do papel vermelho com as letras pretas, os escorpiões que emolduram o título da folha que dobrada vira a capa, e esse desprendimento de ser só uma folha dobrada e quando abre tem muitos poemas frente e verso como um encarte de CD com as letras das músicas. Foi umas minhas inspirações pra essa zine que fiz

040: por água abaixo

privada feita por mim no paint

MARÇO

dizer não pra si e dizer não pra todos

sai garoto

cada um por si e Deus contra todos

D de DETONARAAAAM no karaokê

queria ser bonita

eu não sou como imagino

detesto quando tenho que estar em 3 lugares ao mesmo tempo 
porque amo viver a vida e recusar algo é um desafio ainda maior

não me basta dobrar as horas, estender os minutos, 
o tempo nunca mais vai passar como no maternal 
e para ter tudo eu deveria ser duas, 
de pernas longas e carta de habilitação e super powers

depois disso estão todos me devendo

caiu uma árvore na frente do simsalabim

fechar os olhos e te beijar ou fechar os olhos e ser beijada

cada um com um livro a sua escolha, abra e continue da onde o outro parou 
ao vivo sem enrolação até alguém gritar stop

e tinha gosto de xarope com mel

club do elevador subindo pro 10°. 1002. 
ele quebra entre o 7° e o 8° e só sei disso porque 
o porteiro que conheço ensinou como abrir a porta quando trava no térreo. 
decido pular pro 7°. não tinha quebrado, só faltado luz e me despedaço

meu pai não suporta ouvir qualquer som que eu escolha

amanhã vamos ler em voz alta na aula

Às vezes voltar pra casa é como um presente e depois de uns dias 
é um presente que não se precisa e depois de mais uns é um incomodo

ABRIL

não dizer um aí, não acreditar tanto tanto até que desapareço

dormir vendo jovens loucos e rebeldes é como queria dormir hoje

impossível fechar os olhos e sonhar

e esse é um dos melhores momentos dos últimos dias e anos

o tempo todo meus pensamentos em comunhão rezando 
e falando baixinho todos ao mesmo tempo

dar uma desopilada

garotos que eu beijaria e alguns eu nunca nem vi ao vivo:

antes de ter 10 anos lembro que falei pra minha mãe que tava entediada, 
e eu vivia entediada o tempo todo, então nós fomos até o quarto 
e ela procurou tédio no dicionário 
e lemos a definição e era exatamente o que eu sentia

eu tô muito triste mesmo

MAIO

duas semanas sem o sopro da vida, sem as cores de giz

viver no mundo

pink punk

vento no cabelo

mastigar paracetamol

queria ter um segredo meu

dentes de vampiro

contar todos os ladrilhos do banheiro, as pastilhas da piscina

diálogo afiado, excêntrico, assassino de aluguel, romântico

ter o corpo, as roupas e a fama da Carrie, 
o emprego da Charlotte, 
a confiança e caráter da Miranda 
e ser amiga da Samantha

frasco mortífero, 
a forma mais humana de matar borboletas

faz semanas que não risco um papel


JUNHO

ontem acordei chorando

só gosto dos meus felinos

já não existo mais

e nem doeu

and she was
commom people
hanging on the telephone
lembro um ano novo, 2014 pra 2015 acho,
que passei de um pro outro viciada em burning down the house

sonhos selvagens

muito romântico a françoise hardy morrer um dia antes do dia dos namorados,
depois de viver 80 anos e ter o mesmo amor desde 1981

meu primeiro dia dos namorados sozinha desde que aprendi a beijar

can-tan-do-er-ra-do

eu preciso parar
mas não consigo parar
mas não quero parar

ontem o som de todos estava estourando
e no fim fiquei meio surda e não entendi nada que ela disse

cheiro de unesul

garotas do rock são mulheres do crime,
são melhores ao tremelique

kisses list

embotado: que perdeu a sensibilidade, a energia;
que perdeu o fio, não esta afiado

biliosa: de mau gênio;
inclinado a cólera

carne viva

(continua...)

fracassos no infinitivo

Ill in Paris - Lucian Freud

por que estou fazendo isso? Fracasso em
manter o meu trabalho em ordem para que
eu possa encontrar as coisas
pintar a minha casa
conseguir dinheiro suficiente para eu viver
reorganizar a casa para que eu
consiga pintar a casa &
encontrar as coisas e
conseguir dinheiro suficiente
para fazer livros
ter tempo
para responder a correspondência & os telefonemas
limpar as janelas
tornar a cozinha melhor para o trabalho
ter dinheiro para comprar um rádio comum
para escutar enquanto trabalho na cozinha
saber o suficiente para fazer o trabalho de adulto no mundo
transcender a minha atitude
em relação a uma pobreza imposta
esperar que os meus cheques
cheguem na hora certa por correio
não esperar sempre que não chegarão
esquecer as atitudes da minha mãe sobre a humildade ou
continuar assumindo-as sem sofrer
esquecer como minha mãe azucrinava meu pai
sobre dinheiro, e minha irmã não posso revelar
fracasso em esquecer a mãe e o pai o suficiente
para crescer, em esquecê-los
esquecer meu tio obsessivo
lembrar deles de outro jeito
lembrar seu preconceito com precisão
parar de sonhar sobre leões que é o mesmo
que sonhar com les, eu pus a minha mão dentro da boca do leão
amenizar sua raiva, isso não é um fracasso
perceber que era assim que estavam; fracasso
em transplantar as flores
ser organizada
criar & preservar as superfícies limpas
deixar o sofá ou a cadeira ser lugares onde possamos nos sentar
em vez de mesas
der a mesa ser um lugar para comer & não uma escrivaninha
ouvir mais música popular
aprender as letras das músicas
não precisar de dinheiro
para que eu possa escrever o tempo todo
não precisar pagar o aluguel ou as contas de telefone
esquecer as mortes prematuras dos pais do tio
ficar livre da expectativa de ser cuidada; fracasso
em amar os objetos
de achar que eles são valiosos de algum jeito; fracasso
em preservar os objetos
comprá-los e agora deixá-los de lado; fracasso
em pensar nos poemas como objetos
pensar no corpo como um objeto; fracasso
em acreditar; fracasso
em não saber nada; fracasso
em saber tudo; fracasso
em lembrar como se escreve fracasso; fracasso
em acreditar no dicionário & que há qualquer coisa
a ser ensinada; fracasso
em ensinar direito; fracasso
em acreditar no ensino
pensar que todo mundo já sabe tudo
que não é meu fracasso; eu sei que todo mundo sabe; fracasso
em ver que nem todo mundo acredita nesse tipo de saber e
pensar que não podemos durar até alçarmos o conhecimento
lavar a louça, só leva dez minutos
escrever mil poemas em uma hora
escrever um épico, abrir a janela imunda
permitir você sabe quem chegar e
afastar os pensamentos e poemas das preocupações
apenas nos assegurar que vamos fazer isso
pintar os seus tetos & paredes de graça


poema de Bernadette Mayer
(Bernadette Mayer Reader, 1968 - traduzido por Luiza Leite)

039: o que tenho feito além de tudo isso

série: The Middle

Não tenho feito nada de interessante ou útil ou maneiro.
Desejo todos os dias estar passeando pelo mundo afora, na cidade que não tem mais fim como em  uma das músicas que não tem saído da minha cabeça ultimamente. Eu gosto de ficar pensando na origem de cada música e coisa que descobri, tentando encontrar os cruzamentos e laços de uma coisa com a outra e como tudo chegou aqui. Também já faz quase uma semana que água de beber, água de beber camará chega e me obriga a repetir tudo em voz alta sem parar e só hoje parei pra ouvir e ver que tem muito mais coisa sendo dita, coisas que não me afligem mas gostaria que estivessem.

série: Young Sheldon
Assisti toda a série The Middle. Nunca tinha ouvido falar dessa série e ela é bem legal, também não saio falando que assisti. Minha mãe não gosta muito porque ela acha os acontecimentos reais demais. Também assisti quase tudo de Young Sheldon, e minhas personagens favorita é a Missy e a Connie. Eu realmente não suporto Big Bang Theory. Vi Monster, mas não o Monster de verdade como acabei descobrindo no meio, mas um filme chamada Monster da Netflix sobre crianças que são sequestradas. Por fim tenho visto Sex and the city, o que me dá muita saudades da metrópole e me faz desejar coisas inalcançáveis. 



Esse mês faço aniversário. Vou deixar a festa pro próximo mês. Todo esse tempo tenho pensado em cidade, por causa do tema do mês da  Blush, da história da Lovefoxxx do Cansei de Ser Sexy, da Girls who cluster, de Sex in the city e muito provavelmente porque eu não tenho vivido tudo isso.

038: volta no tempo

2 de maio, quinta-feira, já fazia quase uma semana que chovia incessantemente e as aulas foram canceladas e a Casa de Cultura, onde faço estágio, foi fechada. Nesse dia eu voltei para Osório, que é onde moro de verdade quando não tenho aula, pensando que voltaria no domingo ou segunda, mas até agora não voltei e as coisas continuam fechadas e cheias de água e sem energia e um caos que tenho medo de testemunhar ao vivo.

Eu não gosto de voltar pra cá e ficar mais que três dias, porque essa cidade morreu pra mim. Todas as minhas recordações são meio sofridas, e todos os meus amigos de verdade estão em Porto Alegre comigo e temos o péssimo hábito de não vir pra cá nos mesmos fins de semana. Eu fico em casa, sem vontade de sair sozinha porque não tem nada pra se fazer aqui, todas as coisas precisam ser inventadas. Minha câmera fotográfica já esta sem bateria e eu não tenho como carregar. Teve um dos primeiros dias que fiquei tão irritada em ficar sozinha aqui que não conseguia suportar a existência da TV. Meu quarto está em reforma porque o prédio teve um problema na outra vez que choveu e estragou vários moveis, todas as minhas coisas estão em caixas a meses. 

Nessas semanas esta fazendo muito frio, e como todo mundo ficou desabrigado em Porto Alegre, a cidade aqui encheu. O centro tinha muitas pessoas, e dá para notar que elas não são daqui e isso me fez imaginar como seria se todo mundo de lá se mudasse para cá. Muitos amigos e conhecidos voltaram e até nos vimos sexta no bar que tem em frente a minha casa. Mesmo ainda tendo alguns amigos aqui muitas vezes quando saímos me sinto meio deslocada mas mesmo assim prefiro estar ali do que em casa. Sinto que minha mãe e meu irmão não suportam me ter por tanto tempo, e nem eu. 

Sinto saudade da liberdade quase inteira e de passear por ai e de ter o que fazer e de não ter medo. 

Ontem o Juan e Bruna, namorada dele, vieram nos ver e os pais do Enrique fizeram cachorro-quente pra gente comer na garagem. E antes disso passamos a tarde no salão de festas do edifício do Val tirando fotos e cortando cabelos e comendo bolo de chocolate. E entre isso fomos no mercado e compramos vinho, e ontem anunciamos que já deveria começar a temporada do quentão com gemada porque o frio está de doer e descobrimos que agora é proibido ficar no largo depois da meia noite.









seja um leitor vip!!

eu quero escrever mas eu não quero que leiam e eu quero que leiam mas eu não quero saber que leram ao mesmo tempo que quero que leiam e me digam que leram mas sem eu saber que leram. é tão difícil ser e viver e morrer e voltar e escrever e ler e reler e lembrar e todas essas confusões de ser e será. 
 
talvez o blog fique fechado por um tempo porque eu não tenho coragem e tomei um susto e quase bati de cara numa porta de vidro e corei de vergonha e espirrei. se quiser continuar acompanhando tudo aqui de uma forma secreta e vip e exclusiva e acima tudo grátis free 0-800, deixe seu email nos comentários que vou por todos os nomes na lista de acesso. com ingresso grátis pros próximos shows, aqui, no mesmo endereço de sempre e sem aviso prévio dos dias e horários, só com músicas inéditas e exclusivas.

se inscreva antes que os ingressos esgotem!!


eu queria ser bonita e superstar


Ontem teve Festa da Zine. Melhor edição até agora. Terça a noite eu gastei o que vinha guardando e fiz uma coisa que realmente gosto e foi ótimo. É uma zine que é uma folha só, meio cartaz e  do outro lado, poema de retalhos. O formato veio de uma zine que peguei numa feira que é só uma folha A4 vermelha com vários poemas e escritos dobrada e o poema em si, veio de um exercício que fizemos na aula de texto semestre passado, de juntar falas de outras pessoas. Lembrei dele e comecei com a primeira coisa que ouvi quando decidi fazer.

  1. eu sei que eu nasci pra saber
  2. eu não sou como imagino
  3. vou dar um tempo,
  4. preciso distração
  5. as vezes cansa minha beleza
  6.  essa falta de sensação
  7. e de emoção
  8. cada um por si e
  9. Deus contra todos
  10. hey girl what you're gonna do?
  11. querida superhist
  12. repita comigo:
  13. "eu mereço lingeries novas"
  14. secretamente friday
  15. i'm in love
  16. ser esmagada por um piano
  17. que caiu do ultimo andar
  18. do edifício
  19. baby pare de querer
  20. e desejar you don't know me
  21. bet you'll never get to know me
  22. at all
  23. e vou assim
  24. e vou assim
  25. e venho assim
  26. uma cidade toda feita contra ela
  27. eu só minto na hora exata da mentira
  28. o jeito é acreditar:
  29. acreditar chorando
  30. mudei de ideia
  31. eu digo
  32. ate nunca mais
A ideia de tudo começou com fazer uma zine cartaz. A semana inteira minha prima anda falando como eu sou bonita, mas de uma forma que até me sinto mal de ouvir... e nesse dia mesmo ela olhou nos meus olhos e disse isso de novo e eu comecei a pensar em como me sinto constantemente horrorosa e penso como tudo seria diferente se eu fosse bonita, como se deve ser. 

Algumas coisas nesses últimos meses tem me deixado mais confiante com meu trabalho dentro e fora da universidade, e isso é bom e parece que essas coisas vão bem. Essa semana uma professora perguntou se queríamos estar na história da arte. Sim, eu quero demais! E me fez lembrar da Macabéa, que tem sido uma personagem constante nos meus pensamentos, e em como eu queria saber tocar algum instrumento ou só ter ritmo ou noção suficiente para fazer um barulho interessante. Ainda tem minha banda fictícia, conceitual com a Joana: Lucinha chupa-sangue. Seguindo na música tem esse desenho que acho que é do ano passado ou retrasado que fiz de uma foto do Sleater-Kinney, uma banda riot grrrl de 1994. 

O poema é quase todo de letras de músicas, que estava ouvindo na hora e que fui lembrando. Fiz sem pensar e no fim da folha, quando decidi que estava pronto, li e achei que era isso. Perfeito! Numerei cada frase para explicar a referencia de cada parte. 

1. Agora só falta você - Rita Lee
2. Pensamentos e anotações meus...
3-7. Fruto Proibido - Rita Lee
8-9. Anotação, acho que ouvi na rua
10. Hey girl what you're gonna do? - Jupiter Apple
11. Querida Superhist X Mr. Frog - Júpiter Apple 
      Descobri recentemente que Superhist é um remédio pra gripe, dor, febre, nariz entupido...
12-13. Frase que tem em uma vitrine do centro, e também inspiração pra uma música da Lucinha
14-15. Friday i'm in love - The Cure e pensamentos
16-20. Pensamentos e anotações; Edifício Baby é um prédio verde claro curioso que fica entre o campus central e o Instituo de Artes
20-22. You don't know me - Caetano Veloso
23-25. Tinindo trincando - Novos Baianos
26-29. A hora da estrela - Clarice Lispector
30-32. Mudei de ideia - Rosinha de Valença

Tudo isso também me recorda de uma entrevista do Tom Zé que vi uma vez (e nunca mais achei!!), onde ela conta que uma música, a qual não lembro, era toda roubada, porque cada verso vinha de outra música de outra pessoa. Viva a apropriação, a destruição e a criação!

eu quero ouvir o que você esta ouvindo de mim, o que estou ouvindo de você, o que você esta ouvindo de mim dentro de você

 

Estou fazendo estágio na Casa de Cultura, na area de produção. Ajudo a organizar exposições, nos eventos, fazer orçamentos, convites, imagens, fichas técnicas, na manutenção das exposições e mil outras coisas que ainda estou descobrindo. Essa semana vai fazer um mês. 

Toda quinta-feira acontece o cine no jardim, onde projetamos videoartes e curtas experimentais num prédio branco gigante que fica próximo a casa e assistimos do jardim, que é no 5º andar. Eu comecei o estágio na quinta-feira. Na ultima edição era uma mostra dos trabalhos da Letícia Parente, onde descobri "especular". É um vídeo bem simples, onde tem duas pessoas ligadas por um fio que falam coisas a fim de se entenderem, a si mesmos e ao outro. Me fez pensar nas centenas de conversas que já tive com meu amigo, Pedro, sobre como somos tão falantes e experientes que conseguimos ate dobrar a língua e as palavras e refazer seus sentidos e errar para ter novas. Como é incrível dominar tanto a linguagem em tão pouco tempo e com tão pouco, porque nem somos tão sabidos assim. É também quando somos tão amigos de alguém a tanto tempo que certos símbolos e momentos nos reverberam igual, ou pensamos que é igual já que nunca vamos saber de fato se é 100% ou 95% ou qualquer coisa minima semelhante. 

Mais vídeos de Letícia:
⭐ In

Letícia Parente (1930 - Salvador, Bahia) é artista, pesquisadora e professora. Pioneira da videoarte no Brasil, também trabalhou com fotografia, xerox, arte postal, gravura e pintura. A casa e o corpo são fundamentais em sua obra, estabelecendo um diálogo entre a vida íntima e o mundo. É Mestre em química pela PUC-RIO, e é por lá que tem seu primeiro contato com as artes, através da gravura. Junto da artista, Anna Bella Geiger, produz as primeiras obras em vídeo do Brasil, utilizando uma câmera portapack trazida dos EUA. 

037: estrela estrela

JANEIRO

Esse ano vai ser o melhor! Esse ano vai acabar comigo da melhor forma e eu vou sorrir sorrir e chorar de alegria. E como se agora fosse pra valer e todo aquele marasmo zap zum e tchau. Estou lendo o livro de contos da Sylvia Plath, e ao mesmo tempo lendo o romance e ouvindo muito Brasil rockabilly. Pedro me disse que encontrou dois contos da Clarice, um que lembra a mim e outro que lembra a forma como escrevo. Primeiro pensei que honra que maravilha e depois pensei, deve ser os piores da vida dela. O que parece é Dies Irae e o que é como escrevo é San Tiago. Registro dos Fatos Antecedentes, uma instalação com fotoperformance inspirada em A Hora da Estrela, o trabalho que propus para fazer junto de Joana, passou na Panelinha (um edital, projeto que faz parte da conclusão de curso de um aluno da graduação). Esse projeto só aceitava trabalhos feitos entre pessoas, não podia inscrever nada feito sozinho, apenas em duplas, grupos...



um poeta que já morreu de morte mordida, morrida, corrida, sofrida, corroída, merecida, esquecida

sou tão burra que até meus amigos mais juvenis sabem que sou burra e incapaz

estou de férias do romance e o tempo nunca foi tão bom, estou de férias do romance e nunca pensei tanto em interesses

beijo na bochecha

malandragem & sacanagem

faz uma semana que tenho dormido na sala porque meu quarto está o caos, eu digo que é pelo ventilador e porque meu irmão estava aqui mas a verdade é: o quarto está me assombrando

para me sentir melhor penso 3x repetidamente que ele é um boçal, desejo carnal e misoginia

anseio todos os dias pela banho de banheira. molho. espuma. enxague.

e se eu morresse no meio dos raios, trovões e chuvas a quilômetros de distância da minha gata preta e de minha mãe, se eu morresse indo fechar a janela que estourasse com o vento

é uma faca no meu peito quando meus pais mandam mudar pro banco de trás para os outros sentarem na frente

a comédia e o humor vem da falta de artefatos, da vida mundana e do afogo no tédio

menina moça

as linhas, as entrelinhas, as mocinhas, as lembrancinhas, as bixiguinhas, as gordurinhas

lista de amigos que eu não sentaria no colo em um carro lotado

orem por mim!

e ele veio ao mundo com um único propósito: perturbar o próximo

todos que desprezo me dão a mão, por que?

me virar do avesso para que leiam minhas entranhas

a gata me da bruxismo

onde esta lala pique-esconde?


FEVEREIRO

vi uma criança igual a mim hoje na pracinha de Atlântida sul, ela tinha o cabelo igualzinho meu, usava um shorts jeans folgado, uma camiseta listrada igual a minha e uma camisa aberta vermelha. eram as minhas cores, como se eu tivesse 8 anos de novo.

xis de coração partido

kolica me derrubou, matou, soprou todos os meus desejo

queria muito não querer que fosse meu, apenas que assim fosse e fim

como eu sou tão assim assado se fui criada por esses dois

acredito sem dedos cruzados que sou a favorita da turma de pintura

minha cabeça é tão vazia que se gritar em meus ouvidos da eco eco eco co

vó, as vezes é bom só pensar

morar sozinha numcentro qualquer, 2 quartos, 1 é ateliê e o outro de dormir e chorar, tudo é bonito maravilhoso as coisas tem efeito bumerangue e superfície antisséptica

nenhum lugar é perfeito, lar doce lar

morrer apenas para chamar atenção do meu pai

ficar sozinha em casa e ser deixada sozinha em casa tem gostos diferentes de amargo-azedo-worms

se até o final dos estudos eu não me dar bem, já era

alguns xxxxx deveriam ter medo de falar comigo, ficar pensando como ser fria sem ser rude, querer no máximo uma amizade um alô umas palavras qualquer sem acabar criando algo por educação que é o oposto de tudo que já quis

ainda assim é verdade verdadeira que quero me apaixonar calor do momento

estar andando na rua powplaft aiaiai o piano me esmaga

eu quero morar sozinha eu quero morar sozinha eu quero morar sozinha eu quero morar sozinha eu quero morar sozinha

uma estaca de cobre no meu peito

meus dentes doem e não consigo achar essa música que é uma gravação improviso com falas e versões divertidas talvez do the kinks talvez dos beach boys ou nenhum deles eu não sei aaaaaaa

036: notas do último mês


dezembro

eu queria me apaixonar e ficar com a boca doendo de tanto rir

penso muito em quando J percebeu e falou em voz alta que eles gostam dela porque
é engraçada e não por usar sutiã com enchimento e em como eu sempre

penso muito em quando P me disse que as plantas não são frágeis e passam por
coisas bem piores que dias sem água e dedos sujos

penso muito em como eu ando pensando muito e quando pensei em como esperança vem de esperar

eu queria que ele (não sei quem) me amasse gradualmente (e vice-versa) até
que a gente se amasse por anos (juntos)

sinto como se tivesse sido atropelada e ao invés de morrer ou descansar no hospital,
continuasse presa a roda imensa do trator girando e girando e girando

sou a mais feia do Brasil a mais feia do mundo

as dondocas do moinhos não saem de casa suadas

algumas palavras me irritam, me dão nó na boca

o teor gordurento e vitamínico que cada um dá para as coisas e que jamais
poderão ser igualmente compreendidas

adoro quando se referem a mim ou contam algo de conversas atrás,
me sinto muito almost famous wheres my penny lanes

sonhei que via ***, desviava o olhar porque no fundo não nos conhecemos e ele vinha falar comigo e abraçar como se nos conhecessemos e perguntar porque eu fiz perguntas anônimas intensas enquanto eu negava tudo e ansiava pelas nossas mãos se encontrarem

queria ser as 3 panteras

mesmo que no fundo eu não queira chorar porque dói, no raso talvez e punjentemente
eu precisasse ficar tão triste a ponto de chorar de doer

just chicks being gals

moral questionável com convicção

síndrome de final de ano

amo meus amigos capital instituto de artes e os poucos amigos
da cidade que me expurgou e agora aceita de mansinho minha invisível presença

sentimentos e emoções trancadas no quarto

da uva vem o vinho do samba vem o carinho saudade nunca é demais

ele só fala a verdade e a verdade dói

queria a plenos pulmões gritar que amo muito

o diabo está varrendo e martelando

faz parte do meu processo criativo a não organização, o caos instaurado e o fazer sem pensar

oh como eu queria desejar assim plim aí plaw

vou fechar os olhos e abrir só e somente só no dia 10 de janeiro, quando as coisas
já deixaram o frescor de novo e é aniversário de Miguel