eu deveria

comprar uma câmera
fazer análise
correr
passar fio dental
me atravessar na frente dos carros da avenida perimetral
prestar atenção em tudo que minha mãe fala
arrumar a cama
experimentar maconha
lavar as roupas delicadas a mão
não comer doce
eu deveria
usar salto
falar de amor e sexo
saber a hora que nasci
concordar com meu pai
fazer massagem
guardar dinheiro
comprar um guarda-roupa
dar antipulgas a gata
tirar carta de habilitação
ser questionada
ter a moral pura
devolver a carteira
comprar leite
ter um sobretudo
usar sutiã
esperar a minha vez
apostar e ganhar
desentupir a pia do banheiro
falar bem em público
arrumar a cama
não chegar atrasada
ter sempre um gloss a mão
ler um clássico
me bronzear
fazer cirurgia para não precisar mais usar óculos
passar uma semana trancada numa sala sendo observada por estranhos
chorar quando triste
sair sem pagar
ir a um encontro a cegas
viajar no feriado
viajar sozinha
andar descalça
me perder no mato
fazer aula de francês
dar dinheiro ao pedinte
andar de bicicleta na orla
dar duas voltas na tranca da porta
dormir sem calcinha
andar na montanha-russa invertida
fazer uma visita surpresa
ficar um dia sem falar
visitar o túmulo do meu avô
passar o fim do ano na praia
me afogar no mar
saber o que é prolixo
ir a missa
rezar o pai nosso
ser um anjo
só falar a verdade
saber descascar laranja
escrever na rua
fazer a unha
só andar em ônibus vazio
não beijar
ter uma sombrinha
ter um leque
tomar chá gelado com mel
vomitar quando cheia
só dormir em cama de casal
tomar anticoncepcional
esquecer meu primeiro amor
ir ao dentista
aprender a dizer não
não deixar nada para última hora
não comer por impulso
tomar café preto
estar sempre atenta
dormir por um dia inteiro
soprar tão forte que os carros voassem quando eu atravessasse a rua no horário de pico

041: o melhor ano de todos



Era janeiro e eu sentia que esse seria o meu ano. Participei e organizei minhas primeiras exposições coletivas, mostrei trabalhos que me deixam contente, comecei o estágio, conheci muita gente boa, experimentei coisas novas, organizei e produzi outros eventos e projetos que realmente se tornaram realidade. Fomos até chamados para fazer uma fala num canal de TV local, que ninguém viu mas mesmo assim foi mais um sinal de que é o ano. E eu amo o curso que escolhi e de como tudo esta indo bem e espero um dia viver como em Sex in the city, mas melhor!! 

Eu e mais dois colegas começamos a organizar este evento voltado a videoarte, VideoArteShow. Ele surgiu com nossa vontade de fazer algo e esse algo acontecer. Um dos integrantes é aluno de História da Arte e também faz crítica de cinema, o outro também é das Artes Visuais e esta explorando muito o vídeo ultimamente, em 2022 nos fizemos Laboratório de Vídeo  juntos e foi lá que nos conhecemos. Esses nome foi só uma ideia que veio na hora quando criei o grupo e ai todo mundo gostou e ficou assim. Nos fazemos reuniões toda semana, normalmente no RU, quando precisa, na sala de cinema da universidade, onde um deles é bolsista e quando todo mundo tem tempo na minha casa. Nossa primeira exibição trazia o questionamento de o que é videoarte? e foi na Sala Redenção, a sala de cinema que falei. Foi bastante gente, inclusive professores muito queridos e todo mundo participou da conversa com os artistas presentes. Nos fizemos material de divulgação impresso e espalhamos por tuuuudo e no dia distribuímos 47 exemplares da zine com a programação. 47 porque esse é um dos números da sorte de um dos integrantes. Faltou zine, porque foi muita gente. A zine também virava poster e era tamanho A3. Foi sucesso, nem nós acreditamos!


Tirando todas as exposições e eventos de aula, organizei praticamente sozinha uma feira gráfica. Essa feira foi criada por uma das pessoas que trabalha comigo no estágio, e a ideia é que a cada edição uma pessoa diferente do curso de Artes Visuais fique responsável pela produção. Eu deveria ter escolhido minha equipe sabiamente, porque como aprendi na aula de Prossionalização e editais nesse último semestre, nós precisamos de uma boa equipe e de uma boa ideia na mesma quantidade. 


Estou de férias das aulas e estágio! Esses meses foram ótimos e muito corridos. Em nenhum momento eu assisti a um filme ou série ou liguei a televisão em qualquer canal que fosse. Também não fui no cinema e nem ao teatro e vivi pelo outro lado dos eventos cultuais. 

Anseio todos os dias por morar sozinha de uma vez. Não precisar mais dividir o apartamento. Acredito do fundo do meu coração que isso está cada vez mais perto de ser verdade verdadeira. Me sinto sobrando na minha casa natal, porque as minhas coisas não estão mais aqui e o que ainda resta esta encaixotado desde as chuvas do ano passado, quando o telhado do prédio estragou e até hoje não conseguiram resolver. Tenho me sentido meio ao léu. Odeio morar com minha prima, ela é insuportável. 

Porquês do melhor ano de todos:

⭐ Visitar casa demolida com os amigos
⭐ Mano passou duas semanas em Porto Alegre
⭐ Primeira exposição e edital: Panelinha!
⭐ Lomba abaixo
⭐ Produção de exposições
⭐ Festa da zine 3
⭐ Fui chamada para fotografar o Beirada (3!!)
⭐ Aniversário da Paula e Vi na Travessa e primeira vez no karaokê 
⭐ Muitos amigos e gente maneira
⭐ Faltou luz no Capitólio e conhecemos o diretor de Xis Coração
⭐ Bar em bar, festa da história, show do Junas onde todo mundo ficou doente sokdpofkds
⭐ Picnic Proibido e passeios com a Maria Ivone 
⭐ Redescobrindo a cidade
⭐ Aniversário da Bruna, mais gente legal e conhecendo o Pito (superestimado!)
⭐ Aniversário do Enrique - de volta a cidade grande
⭐ Primeiro show da Transmissão Beta!! com a Vica
⭐ Incontáveis jantares e almoços com os amigos do coração
⭐ Muita foto com a camera da Elaine
⭐ Primeiro VideoArteShow
⭐ Exposição da aula da Elaine e novos trabalhos
⭐ Apareci na TV local
⭐ Convite pra integrar um circuito com a VideoArteShow
⭐ Me reconheceram na rua
⭐ Sem Título (Feira II) deu tudo certo
⭐ Primeira vez comendo camarão (Muralha da China)
⭐ Diversão e tristezas que não vão embora
⭐ Poeminha recorte
⭐ Mil visitas e aberturas
⭐ Convites especiais e por enquanto secretos



PS: Talvez tenham mais, mas não me lembro. Desejo a todos o melhor sempre! 

media-zines collection

 

Não tenho certeza sobre a existência verdadeira de media-zine como um termo, mas o que quero dizer é que é uma zine média, menor que uma zine de tamanho mais comum como A5 e maior que um minizine, que costuma ser no máximo A7. Também incluo nessa categoria as zines que são apenas uma folha A4, dobradas ou não, e formatos além de As. Com isso em mente, vou apresentar minha coleção de zines desse tipo.

zines Duda Carneiro

A Duda foi a primeira pessoa que me enviou uma zine por correio, e eu ansiava por esse acontecimento! Nem lembro exatamente quando começamos isso, se foi em 2018, 2019... e ate hoje trocamos coisas. Ela é de Brasilia, estudante de artes e cartunista, atualmente tem um selo de publicações em conjunto do namorado, que se chama Selo Sapo Estrela. Os quadrinhos dela sempre tem um humor ácido, uma ironia, uma coisa horrível e estranhamente engraçada. A maioria desses são mais antigos, de quando ela tava no ensino médio, os mais recentes são Café & Papel (2023) e Capitã Nebula (2022), além disso ela tem muitas outras publicações que são muitos grandes ou muito pequenas pro media-zine ofkdspofksd

 Manual da boa garota (s.d.), Ovelha Negra n. 2 (maio/2019), Cogumelos em chamas (2022)

zines José Roberto Celestino

quadrinho panqueca
José Roberto Celestino, é quadrinista e artista de Petrolina, Pernambuco. Nos viramos amigos durante a pandemia por conta de uma oficina online de quadrinhos ministrada pela Carol Ito. Eu gosto muito de como ele escreve diálogos, e como o desenho as vezes demora para se formar e como isso da um ritmo diferente pras narrativas. Na foto eles estão do mais do mais velho pro mais recente. Acho que o meu favorito é o Catapora (2022), todos são compilados de quadrinhos que ele produz quase diariamente, esse em especial é uma seleção muito engraçadinha e tem um dos meus prediletos, o da panqueca! 

Familia Adams Sandler, colagem de Thiago Cruz

Isto não é uma revista de terror, é um apanhado de quadrinhos completos e ideias de comédia e terror por Cláudio Mor, Leonardo Pascoal e Thiago Cruz. É bem divertido e o mais com profissional no acabamento, me lembra uma mini revistinha que acompanha um jogo de CD. Eu comprei ano passado numa feirinha de rua junto do Garimpando Letrinhas e dos escritos de Guilherme Theo. 

Garimpando Letrinhas nº. 8 (2007), são escritos de Marcela Gadelha e Cláudio Carvalho. Ele é meio como se imagina um zine quando se descobre o que é um zine fodkfpodsfk são críticas a sociedade e devaneios de fácil digestão, com muito xerox, letras de mão e colagens. Me deixa curiosa sobre como eram as outras edições, como eram distribuídas, como era o circuito de zine nos anos 2000?

Bikini Kill - The singles
Minhas letras favoritas (2022)
É exatamente o que diz, as letras favorita de Julia Caus Falce, do album The Singles do Bikini Kill, dispostas de uma forma divertida e ilustrada. A Júlia é também responsável pela zine Chorona, líder da banda Júlia e as Choronas e mil coisas mais. 

Cara pessoa - questionário (2018), escrito por Luana Alt tem formato bloco de anotações, abre no sentido vertical, e é composto por várias perguntas de múltipla escolha sobre o que você é. Esse ganhei durante minha primeira feira gráfica, quando visitei o dia de portas abertas da faculdade (que estudo hoje!).

Garimpando Letrinhas  nº. 8 e Bikini Kill - The Singles


Poustplaf: Luiza no Centro de Porto Alegre (2018) é uma zine sobre esse projeto, Poutsplaf, do fotografo Gustavo Razzera, sobre a arte e o erótico, de forma documental e ensaiada quase ao mesmo tempo. Ganhei em uma oficina de fotografia com placas de raio-x que fiz na casa de cultura com o próprio Gustavo em 2021, quando estava me mudando para Porto Alegre e as aulas da universidade estavam voltando ao presencial. 

Talvez o nome dessa seja 'a reba dos 30' (ou 'o retorno de Saturno')o u talvez seja só escritos de Guilherme Theo, eu não sei e talvez nunca saiba! Essa gosto muito do papel vermelho com as letras pretas, os escorpiões que emolduram o título da folha que dobrada vira a capa, e esse desprendimento de ser só uma folha dobrada e quando abre tem muitos poemas frente e verso como um encarte de CD com as letras das músicas. Foi umas minhas inspirações pra essa zine que fiz